A polícia prendeu por volta das 15h desta sexta-feira (15), em Guarulhos (Grande SP), quatro GCMs (guardas-civis municipais) acusados de envolvimento na morte do estudante Lucas Magaton Almenara, 23 anos, ocorrida cerca de seis horas antes na mesma cidade. A vítima foi abordada pelos suspeitos quando saiu de uma boate no bairro Jardim Cocaia.
Segundo um amigo de 19 anos que estava com Almenara, ambos foram para a boate por volta da 0h10 de sexta. Os dois ficaram dentro do local até por volta das 4h50, quando saíram para fumar um cigarro de maconha do outro lado da rua.
Enquanto a dupla consumia a droga, um segurança da boate os abordou e teria dado um soco no rosto do rapaz, que perguntou o motivo para a agressão e, segundo boletim de ocorrência, o segurança afirmou que era policial e sacou uma pistola calibre 380.
Por conta disso, Almenara e o amigo correram por cerca de 600 metros, até chegarem às margens de um riacho, na altura do número 306 da avenida Vereador Antônio Grotkoski. Ele conseguiu se esconder no meio de um matagal. O estudante, no entanto, foi alcançado pelo segurança que havia sacado a arma e também por outro suspeito.
O amigo da vítima acrescentou em depoimento que ouviu o rapaz gritar "não faz isso não senhor" a um dos seguranças. Em seguida, a testemunha afirma ter ouvido entre quatro e cinco tiros. Os seguranças fugiram na sequência, ferindo Almenara na cabeça e braços.
A testemunha permaneceu cerca de 20 minutos escondida no mato. Depois disso, correu por aproximadamente um quilômetro até o Hospital Municipal de Urgências, onde se deparou com dois policiais militares, informando a eles sobre o que havia acontecido.
Enquanto isso, outra equipe da PM foi às margens do riacho e encontrou a vítima ainda com vida. Ela foi encaminhada ao hospital Padre Bento, onde acabou morrendo.
A defesa dos guardas presos não foi encontrada pela reportagem.
Prisões
Após a testemunha relatar sobre o crime no 1º DP de Guarulhos, policiais civis foram à boate e encontraram os dois seguranças mencionados pelo desempregado. Os suspeitos se identificaram como GCMs e afirmaram estar fazendo bico no estabelecimento.
Diferentemente do que foi relatado pela testemunha, os guardas de folga afirmaram, segundo boletim de ocorrência, que outros dois GCMs de serviço teriam feito a abordagem aos jovens, quando eles fumavam maconha na rua. Com base neste relato, instantes depois, os guardas que estavam de serviço foram localizados e os quatro suspeitos foram levados à delegacia.
Já no 1º DP, a Polícia Civil deu voz de prisão aos quatro guardas, de 33, 37, 41 e 42 anos. Eles foram presos em flagrante por homicídio duplamente qualificado (motivo fútil e impossibilidade de defesa da vítima).
Ao todo, foram apreendidas sete armas de fogo, sendo quatro pertencentes à GCM de Guarulhos e três de uso pessoal dos agentes presos.
Resposta
A Prefeitura de Guarulhos, gestão Gustavo Henric Costa, o Guti (PSB), lamenta o caso e afirma que a Corregedoria da GCM acompanha as investigações da Polícia Civil.
O governo municipal acrescentou que "instaurará imediatamente" um procedimento interno para apurar os fatos e "tomar as medidas cabíveis", sem especificar quais nem como serão feitas.
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