O número de reclamações realizadas à Ouvidoria Geral da Prefeitura de São Paulo aumentou 17,5% nos nove primeiros meses de 2019, em comparação com o mesmo período de 2018.
Segundo relatório divulgado no site da Ouvidoria, sob gestão Bruno Covas (PSDB), de janeiro a setembro de 2018 foram registradas 19.442 queixas. Já neste ano, o número subiu para 22.858 reclamações no mesmo período.
O cidadão registra um protocolo na Ouvidoria após ter feito reclamação sobre algum serviço municipal na Central 156 e o problema não ter sido resolvido no prazo determinado.
Só no último trimestre deste ano, foram 7.051 queixas que chegaram à Ouvidoria da prefeitura.
No topo da lista estão as reclamações envolvendo poda e remoção de árvores. Foram 2.684 protocolos registrados nos nove primeiros meses deste ano.
A importadora Angela Maya, 48 anos, já cansou de registrar reclamações na Central 156 e na Ouvidoria solicitando providências para a árvore que fica na frente de sua casa, na rua Livreiro Saraiva, no Pacaembu (zona oeste de SP).
Segundo ela, a árvore está inclinada e oca. Os galhos estão tão grandes que ficam apoiados sobre o telhado da casa de Angela.
“A gente perde horas de sono por causa dessa árvore. Ela está inclinada para nossa casa e, se cair, vai derrubar todo o forro em cima da gente. Quando chove, nem conseguimos dormir de tanta preocupação”, diz.
Segundo o relatório, há solicitações de poda e remoção de árvores em todas as regiões da cidade.
Dos dez serviços com mais protocolos registrados na Ouvidoria da prefeitura (veja mais na lista abaixo), cinco estão relacionados à zeladoria da capital.
As solicitações de reparo de buracos e pavimentação de ruas (segundo colocado entre os mais reclamados) tiveram 2.108 registros de janeiro a setembro deste ano.
Concentram ainda as queixas de zeladoria os serviços de remoção de carros abandonados (941 protocolos), drenagem de água da chuva (938) e problemas com calçadas, guias e postes (507).
Aposentado pede corte de seringueira
O morador da rua Pietá Vilmar Travassos, 59 anos, e seus vizinhos da Vila Izolina Mazzei (zona norte de SP) têm uma coleção de protocolos solicitando a remoção de uma enorme seringueira que fica na via.
Segundo o aposentado, a árvore já possui mais de 15 metros de altura e sua copa fica em cima de várias casas da rua. “Se alguma parte da árvore cair, o acidente vai ser muito grande. Quando chove e venta forte, os galhos da árvore se enroscam nos fios de energia e isso assusta muito a gente”, diz.
Travassos explica que a vizinhança primeiro pediu a poda da seringueira à prefeitura. Mas, como não foram atendidos, agora estão solicitando a remoção da mesma.
“O que mais indigna a gente é que nem uma vistoria da árvore os engenheiros vêm fazer “, reclama o aposentado.
Subprefeitura de Itaquera lidera queixas
A subprefeitura de Itaquera (zona leste de SP) é a que mais concentra reclamações na Ouvidoria Geral da Prefeitura de São Paulo.
Segundo relatório, foram 614 queixas da subprefeitura nos nove primeiros meses deste ano.
Em seguida vem a Sé (região central de SP), com 598 protocolos.
Das dez subprefeituras com mais queixas registradas na Ouvidoria, três são da zona sul (Ipiranga, Campo Limpo e Santo Amaro) e outras três na zona leste (Itaquera, Penha e Mooca).
Não há informações sobre as subprefeituras com mais reclamações nos relatórios trimestrais de 2018, no site da Ouvidoria.
Resposta
A Prefeitura de São Paulo, sob gestão Bruno Covas (PSDB), afirmou, por meio de nota, que desde 2018 a rede de atendimentos da Ouvidoria Geral do Município tem sido ampliada.
De acordo com a prefeitura, foram feitas mudanças administrativas, implementação de novas mídias e descentralização do atendimento presencial.
“Estas estratégias contribuíram para que mais cidadãos fossem ouvidos, pudessem ter sua reclamação registrada e, posteriormente, tivessem sua demanda resolvida”, afirma a nota.
A gestão Covas ainda afirma que foram podadas 95.056 árvores na cidade de janeiro a outubro de 2019.
No mesmo período, em 2018, segundo a nota, foram podadas 70.100 árvores, e, no ano todo, 89.668.
A prefeitura afirmou que as subprefeituras possuem atualmente 100 equipes que fazem o serviço de poda e manejo de árvores. No ano passado, ainda de acordo com a nota, eram 77.
As equipes municipais, segundo a prefeitura, não podem realizar o serviço de poda em árvores que estejam em contato com a rede elétrica, a fim de prevenir acidentes. Nesses casos, é necessário que a concessionária de energia elétrica realize o serviço.
A respeito da seringueira citada na reportagem, a Subprefeitura Vila Maria diz que a árvore tem seus galhos próximos à rede elétrica. Por isso, o procedimento de poda ou retirada deve ser realizado pela concessionária de energia.
Em nota, a subprefeitura diz que ofícios são enviados à Enel desde 2016 para realização a poda emergencial. Também foi dito que um novo ofício será encaminhado relatando a urgência da intervenção. “Importante ressaltar que além dos ofícios, os técnicos da subprefeitura realizam vistorias e laudos desta árvore com publicações no Diário Oficial desde 2014”, diz a nota.
Questionada a respeito, a Enel Distribuição São Paulo afirma que, recentemente, recebeu novo ofício da Prefeitura para realizar a poda. O serviço está na programação da distribuidora, com previsão de término até 23 de dezembro, diz.
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