Há pouco mais de um ano, na madrugada do dia 17 de novembro, três pessoas morreram pisoteadas em um baile funk no bairro dos Pimentas em Guarulhos, na Grande São Paulo.
O caso tem semelhanças com as nove mortes registradas na madrugada deste domingo (1º) em um baile funk na favela de Paraisópolis, zona sul de São Paulo. Nas duas situações, testemunhas relatam que o tumulto teria começado após intervenção da polícia.
Durante o baile ao ar livre em Guarulhos no ano passado, morreram Ricardo Pereira da Silva, 21 anos, Mikaely Maria de Lima Lira, 27 anos, e Marcelo do Nascimento Maria, 34 anos.
Dias depois do ocorrido, a Ouvidoria das Polícias do Estado de São Paulo instaurou procedimento para investigar a conduta dos PMs na ação que terminou nas mortes.
OUTRAS OCORRÊNCIAS
No dia 10 de novembro deste ano, uma adolescente de 16 anos ficou cega do olho esquerdo, segundo sua mãe, após ser atingida por uma bala de borracha durante a dispersão de um baile funk, em Guaianases (zona leste da capital paulista). A jovem passou por uma cirurgia no hospital São Paulo.
Segundo a mãe da vítima disse ao Agora, uma manicure de 32 anos, a filha saiu de casa com 14 amigos, no fim da noite do sábado (9), em Itaquaquecetuba (Grande SP) com direção à capital paulista. O grupo pretendia ir a um baile funk, perto da estação Guaianases, da linha 11-coral da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), onde desembarcou. "Mas quando eles chegaram perto do baile, minha filha me disse que a polícia já estava dispersando as pessoas", afirmou a manicure.
Os jovens retornaram à CPTM, que já havia fechado as operações por conta de ser mais de 1h. Por causa disso, afirmou a manicure, sua filha e os outros jovens decidiram esperar a reabertura da estação perto de uma adega. "Mas a polícia continuou jogando bombas [de efeito moral] e a atirar [com balas de borracha]. Isso fez minha filha e os amigos dela se perderem quando correram", acrescentou a mãe da vítima.
Por fim, a jovem encontrou um colega e ficou com ele. Ambos retornavam para a adega quando, ainda segundo a manicure, uma viatura da PM passou ao lado da adolescente e atirou contra a jovem com uma arma de bala de borracha, atingindo-a na região do olho esquerdo. "O amigo de minha filha pediu ajuda para policiais que estavam passando na rua, mas eles riram de minha filha e falaram para ela e o amigo dispersarem senão iriam apanhar", afirmou a manicure.
A jovem foi socorrida após o dono da adega acionar um carro de aplicativo de transporte de passageiros. Ela passou por dois hospitais, até que foi encaminhada ao hospital São Paulo. Na unidade de saúde, ela foi submetida a uma cirurgia de reconstrução do globo ocular.
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