Moradores que constroem imóveis na região de Perus (zona norte da capital paulista) denunciam que algumas obras têm sido alvo de furtos há pelo menos dois anos, quando casas começaram a ser erguidas na rua Ernesto Diogo de Faria.
Segundo os denunciantes, os criminosos invadem casas em construção, no período da madrugada, e levam ferramentas, torneiras e até portas de janelas, em alguns casos já instaladas nos imóveis.
Uma das vítimas, um segurança de 49 anos, afirmou que seu imóvel em construção foi invadido três vezes, entre a madrugada de sexta-feira (24) e a de domingo (27). Ele afirmou que os invasores levaram uma porta, uma janela grande, além de duas estruturas de vitrôs de banheiro. Todos os objetos, de alumínio, já estavam instalados.
Eles também levaram as ferramentas usadas na obra, além de cinco vigas de metal. "Meu prejuízo, jogando baixo, foi de R$ 1.500 só nesta invasão”, afirmou. A vítima acrescentou que iria registrar um boletim de ocorrência para comunicar sobre o furto, ainda nesta semana.
A reportagem encontrou uma vítima que já registrou dois boletins de ocorrência sobre furtos sofridos no condomínio em construção. Um dos documentos é de junho de 2018, quando as obras começaram no local. O outro é do dia 10 de janeiro.
Segundo a vítima, um vigilante de 39 anos, em ambas as invasões foram levados ferramentas, como enxadas e martelos, e até torneiras.
Apesar de ter registrado as ocorrências, a vítima afirma que no 46º DP (Perus), responsável pela área, um investigador tentou o desestimular a fazer os boletins de ocorrência. Segundo a vítima, o policial alegou que isso "não resolveria nada", pois os crimes "são feitos por nóias [usuários de drogas]."
"Senti que há um descompromisso, pelo menos por parte desse policial [que não foi identificado] em tentar resolver nosso problema", afirmou.
A reportagem apurou que o local foi comprado, em sistema colaborativo, por dezenas de famílias, há pouco mais de dez anos. Há cerca de dois anos, foram autorizados a iniciar as obras na região, mesmo período em que as invasões seguidas de furtos começaram.
As casas de cerca de 30 famílias já estão prontas e habitadas, de acordo com as vítimas ouvidas pela reportagem. Elas no entanto não conseguiram mensurar quantas obras estão em andamento no local.
Resposta
A Polícia Militar afirmou que realiza patrulhamento no bairro e "sempre que necessário" reorienta seus homens com base na análise dos registros de ocorrência da área. No ano passado, a corporação afirma que prendeu 288 criminosos na região.
Sobre a denúncia de que um policial civil teria tentado desestimular uma das vítimas a não registrar ocorrência, a SSP (Secretaria da Segurança Pública), gestão João Doria (PSDB), orienta para que a Corregedoria da Polícia Civil seja procurada em qualquer caso de desvio de conduta de seus agentes. "A autoridade policial do 46º Distrito Policial está à disposição da vítima para registrar a ocorrência", afirma trecho de nota.
A Polícia Civil afirmou que investiga os casos mencionados nesta reportagem.
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