Paciente chega a esperar 5 horas por atendimento em hospital público de SP

Unidades municipais também têm problemas de limpeza, goteiras e falta de médico especializado

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O Vigilante Agora visitou seis hospitais e postos de atendimento em São Paulo que são administrados diretamente pela Secretaria Municipal de Saúde --a maioria das unidades é gerida por OSs (organizações sociais). Entre os principais problemas encontrados está o tempo de espera, que chega a cinco horas.

No Tide Setúbal, em São Miguel Paulista (zona leste), os pacientes que chegam para a triagem têm de esperar a consulta em uma sala apertada e abafada. O teto possui goteiras e, no dia da visita do Vigilante Agora, o chão estava molhado e escorregadio, gerando risco de quedas. Quanto ao tempo de atendimento, os usuários disseram já ter esperado até quatro horas.

Também na zona leste, o hospital Dr. Benedicto Montenegro, no Jardim Iva, apresenta superlotação. A reportagem flagrou uma paciente deitada na maca no corredor enquanto aguardava atendimento.

O hospital e maternidade Dr. Mário de Moraes Altenfelder Silva, na Vila Nova Cachoeirinha (zona norte), é, em geral, bem avaliado. Porém, no dia da visita do Vigilante, o único bebedouro à disposição na sala de espera principal estava quebrado.

Na zona oeste, o hospital Professor Mario Degni, no Rio Pequeno, estava sem clínico-geral no dia em que a reportagem esteve presente por lá. Uma mulher grávida de oito meses diz que demorou três horas para ser atendida.

Na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Vila Santa Catarina, na zona sul, a superlotação e o longo tempo de espera são queixas frequentes. Na última segunda-feira (10), o microempresário Evandro Santos, 31, disse ter aguardado cinco horas para passar com um clínico-geral. No mesmo dia, outros pacientes disseram que o posto estava sem ortopedista.

Também foram vistos baldes espalhados pelo chão, que foram colocados por causa de goteiras. O banheiro feminino estava quebrado.

A reportagem também foi ao bairro de Perus, na zona norte. Ali funcionava, até o fim de 2019, um pronto-socorro municipal, que foi desativado após a abertura de uma UPA na região. Porém, o prédio continua com a identificação visual do PS, o que pode confundir usuários.

Resposta

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), diz que a gestão do Hospital Municipal Tide Setúbal realiza manutenções constantes. Existem janelas na parte superior para ventilação, pois o Serviço Técnico de Controle de Infecção Hospitalar, não permite a instalação de ventiladores.

Devido ao grande volume das chuvas, as calhas apresentaram rachaduras e já foram solicitados orçamentos para reposição e realização dos reparos. Todo material de higiene e controle de limpeza dos banheiros é realizado quatro vezes por dia, com revisão e reorganização sempre que necessário.

Entulho jogado em uma área externa do Hospital Tide Setúbal, em São Miguel Paulista (zona leste); lugar também é lotado - Rubens Cavallari/Folhapress

Sobre o material localizado no fundo do hospital, a unidade vai locar uma caçamba para a retirada.

No Hospital Dr. Benedicto Montenegro, os copos são fornecidos de acordo com a necessidade de reposição, sendo que o quantitativo mensal está sendo revista em virtude do aumento do consumo.

Os pacientes são atendidos de acordo com a gravidade dos casos, de acordo com a classificação de risco. Aqueles que necessitam de cirurgias de emergência são transferidos para outras unidades também via regulação, já que o centro cirúrgico realiza apenas procedimentos eletivos de pequeno porte.

No PS Perus, o antigo prédio do Pronto Socorro de Perus, que atende atualmente na UPA Perus, foi desativado no mês de dezembro de 2019 e irá passar por reforma para receber novos serviços de saúde.

O Hospital Municipal Maternidade Dr. Mário de Moraes Altenfelder Silva  está contratando serviços de reforma, dentre os quais estão previstas a ampliação da sala de espera, com aquisição de novas cadeiras, pintura e troca do piso, além de melhorias da parte elétrica e hidráulica. A previsão de entrega é março de 2020.

As pacientes passam por triagem de risco, e a demora no atendimento varia de acordo com a gravidade do caso.

No Hospital Municipal e Maternidade Prof. Mario Degni, o atendimento foi prejudicado pelos alagamentos ocorridos na cidade. A unidade está passando por um período de reforma, e a recepção será liberada na próxima semana. 

Na UPA Santa Catarina, os problemas apontados estão sendo analisados para que não voltem a ocorrer.

O que o Vigilante encontrou

Hospital Tide Setúbal
R. Dr. José Guilherme Eiras, 123 - São Miguel Paulista

  • Recepção do Pronto-Atendimento lotada e abafada
  • Poucos lugares para sentar
  • Goteiras e piso escorregadio
  • Falta de sabonete e papel toalha em banheiros
  • Tempo de espera chegando a quatro horas
  • Entrada do PA é pequena e mal sinalizada

Hospital Dr. Benedicto Montenegro
Rua Antônio Lázaro, 226 - Jardim Iva

  • Sala de espera do PA estava cheia
  • Também havia muita gente do lado de fora esperando vaga
  • Espera de até duas horas
  • Há reclamações referentes à área de observação: pacientes gerais são misturados aos pacientes de psiquiatria
  • Pessoa deitada em maca no corredor aguardava atendimento

Hospital Municipal Maternidade Dr. Mário de Moraes Altenfelder Silva
Av. Dep. Emílio Carlos, 3.100 - Vila Nova Cachoeirinha

  • Sala de espera do PS de ginecologia e obstetrícia é pequena
  • Bebedouro da sala de espera quebrado

Hospital Municipal e Maternidade Prof. Mario Degni
Rua Lucas de Leyde, 257 - Rio Pequeno

  • Sala de espera principal pequena e apertada
  • Banheiro unissex, pequeno e sujo
  • Faltava clínico-geral no momento da visita da reportagem
  • Espera de duas a três horas

UPA Santa Catarina
R. Cidade de Bagdá, 529 - Vila Santa Catarina

  • Recepção cheia
  • Goteiras
  • Banheiro feminino na recepção principal estava quebrado
  • Sem papel toalha no banheiro masculino
  • Não havia ortopedista no dia em em que a reportagem esteve lá
  • Espera de até cinco horas por uma consulta com clínico-geral
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