Gasto não essencial em prédio deve ser cortado para equilibrar contas

Síndico deve analisar despesas na quarentena, quando muitos moradores têm queda na renda

São Paulo

A pandemia do novo coronavírus trouxe diversas incertezas econômicas para o país. O risco de inadimplência pode afetar até os condomínios, já que muitos estão com queda na renda. Assim, os síndicos devem avaliar os gastos e economizar onde for possível.

Segundo Marco Gubeissi, diretor de Administradoras do Secovi-SP (Sindicato da Habitação), os prédios não têm muita margem para cortar custos. Para ele, o mês de maio é o mais preocupante em relação às dívidas, já que sucede um mês inteiro de quarentena.

nos predios - contas
Arte Agora

“Se tem porteiro na guarita é porque o condômino contribuiu para o condomínio pagar as contas”, diz.
O diretor do Secovi explica que como o condomínio funciona com o dinheiro de todos os moradores, as mudanças nas receitas devem ser feitas em assembleia. Se não for possível, o síndico deve tomar decisões junto com o conselho.

José Roberto Graiche Júnior, presidente da AABIC (Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo), recomenda rever todos os gastos e analisar o que é necessário e o que não é.

Caso um morador passe a dever o condomínio neste momento, Graiche diz que é importante entender o motivo e não entrar com uma ação imediatamente. Dependendo do caso, vale prorrogar a data de pagamento por alguns dias, desde que isso não prejudique as contas do prédio.

“Tem que ser avaliado com critério. O acordo e o bom senso devem prevalecer”, afirma Graiche.
Em um condomínio na Vila Nova Cachoeirinha, zona norte de São Paulo, um projeto em andamento foi suspenso devido às incertezas da quarentena. “Não se sabe quanto tempo isso vai durar”, afirma o síndico Bruno Paschoal, 34 anos.

Ele aguarda o retorno das primeiras faturas do mês para ver o que irá acontecer nas contas. Além disso, ele tem conversado com alguns fornecedores e com a administradora para entender as possibilidades.

“Acredito que cada condomínio vá reagir de uma forma”, diz o síndico. Para Paschoal, as medidas adotadas podem variar conforme o valor da cota condominial, o índice de inadimplência do prédio e a quantidade de moradores.

Como gerir as contas na pandemia

TOME DECISÕES EM CONJUNTO

  • Toda mudança na receita de um condomínio deve ser aprovada em assembleia
  • Se não for possível, converse com o conselho


ANÁLISE

  • Conheça a situação financeira do condomínio
  • Revise tudo o que é gasto
  • Avalie o que não é essencial no momento
  • Suspenda obras que não são emergenciais
  • Tome muito cuidado no corte de despesas regulares. Por exemplo, caso a manutenção mensal da bomba de água seja cancelada, pode aparecer um problema urgente
  • Aplique medidas que realmente precisem ser tomadas
  • Entenda tanto a situação do condômino quanto às necessidades do condomínio


SUSPENDA RATEIOS DE RESERVA

  • Condomínios com condição financeira confortável
  • Pode suspender arrecadação do fundo de obras e de emergência
  • Atenção: A finalidade do dinheiro reservado no caixa não pode mudar sem aprovação em assembleia


CONSCIENTIZE OS MORADORES

  • Faça campanha de uso consciente de água, gás e luz para reduzir o valor
  • Vale tanto para condomínios sem medição individualizada quanto para condomínios que medem, já que o morador também irá economizar


NEGOCIE PAGAMENTOS DE SERVIÇOS

  • Se for necessário, tente prolongar prazos de pagamento
  • Lembre que o fornecedor também precisa do dinheiro para o negócio


SEM PRIVILÉGIOS

  • Legislação não permite oferecer desconto ou algum tipo de facilitação para um morador

EM UMA EMERGÊNCIA
Caso tenha dinheiro em caixa, avalie prorrogar a data de pagamento da cota condominial

O QUE FAZER COM INADIMPLÊNCIA

  • Avalie caso a caso
  • Entenda porque a pessoa passou a dever
  • Procure resolver amigavelmente
  • Caso não seja possível, judicialize
  • Geralmente, há um prazo de dois ou três meses de espera antes de recorrer à Justiça


FONTES: José Roberto Graiche Júnior, presidente da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (AABIC); Marco Gubeissi, diretor de Administradoras do Secovi-SP (Sindicato da Habitação)

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