Quarentena é prorrogada até o dia 22 em São Paulo

Polícia Militar poderá agir para evitar aglomerações, diz Doria

Fábio Munhoz
São Paulo

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou que a quarentena no estado será prorrogada por mais 15 dias. Com isso, as medidas de isolamento social permanecerão vigentes até o dia 22 de abril. O decreto que regulamenta a decisão será publicado na edição de amanhã do Diário Oficial do Estado.

Segundo Doria, todas as condições da quarentena vigente --que foi iniciada em 24 de março-- serão mantidas, com imposição de fechamento do comércio. Porém, o governador alertou que a Polícia Militar poderá ser acionada para agir em caso de descumprimento das recomendações.

"A PM está autorizada a agir para evitar aglomerações", afirmou Doria. O governador, entretanto, garantiu que a primeira etapa da ação policial será "orientativa", para convencer as pessoas a retornarem às suas casas. O tucano disse ter "convicção" de que as medidas serão acatadas pela população.

Doria acrescenta que a segunda etapa do protocolo para conduta dos policiais militares durante a quarentena consiste em "medidas coercitivas, com penas previstas em lei, inclusive prisão".

Shopping fechado na avenida Paulista, região central da capital - Zanone Fraissat/Folhapress,

Pelas regras da quarentena, só podem funcionar os serviços que sejam considerados essenciais para a população, como alimentação, abastecimento, saúde, bancos, limpeza e segurança. O funcionamento de indústrias não é afetado. Já restaurantes e lanchonetes devem trabalhar com sistema de delivery ou retirada no local.

Na capital, o prefeito Bruno Covas (PSDB) afirmou que a orientação dada aos fiscais é para que os estabelecimentos que não estejam autorizados a funcionar sejam lacrados. Segundo ele, desde o dia 24 de março, 46 estabelecimentos foram interditados na cidade. "Se houver reincidência, o alvará será cassado", garantiu.

Segundo o secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann, as medidas de isolamento social são essenciais para desacelerar o avanço do novo coronavírus em São Paulo. Até o último domingo (5), o estado tinha 4,6 mil casos confirmados de Covid-19. "Sem essas medidas que temos tomado, teríamos dez vezes mais casos", alerta.

Sem confinamento, Estado teria colapso em 30 dias

Se nenhuma medida de confinamento tivesse sido adotada, o estado de São Paulo teria atingido um colapso em seu sistema de saúde em 30 dias. Os dados dão da Opas (Organização Panamericana de Saúde) e foram apresentados pelo diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas.

O estudo apresentado simulou três cenários: um sem qualquer medida de confinamento, um com isolamento médio e outro com uma quarentena intensa.

No primeiro cenário, São Paulo precisaria de 16,3 mil leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em 30 dias, sendo que estado dispõe de 12,5 mil vagas. Em 60 dias, seriam necessários 18,3 mil leitos.

No cenário intermediário, a demanda de leitos de UTI em 60 dias seria de 3.100. Já na última hipótese, de confinamento intenso, seriam necessários 550 leitos de UTI para atender os pacientes de Covid-19.

Ainda de acordo com o estudo da Opas, o estado teria quase 5.000 vítimas fatais do novo coronavírus caso nenhuma medida de confinamento fosse adotada. Até o último domingo (5), São Paulo havia contabilizado 275 mortes pela doença.

Até outubro, a previsão é de que o estado contabilize 111 mil mortes em 180 dias, mesmo com as medidas de isolamento social que já foram adotadas. Sem a quarentena, a estimativa é de que o número de óbitos chegasse a 277 mil.

Já em relação às pessoas hospitalizadas, o Instituto Butantan estima que a quantidade chegasse a 1,3 milhão em 180 dias sem a quarentena. Os pacientes em UTI alcançariam 315 mil. No mesmo período, mas com o confinamento, a previsão é de 670 mil internados e 147 mil em UTIs.

O prefeito Bruno Covas (PSDB) afirmou que, neste fim de semana, a cidade de São Paulo começou a sentir a "pressão sobre o sistema de saúde". Porém, o tucano afirma que a expectativa é de que os 3.000 leitos emergenciais que estão sendo entregues pela prefeitura consigam atender à demanda de pacientes de Covid-19.

"Até amanhã, praticamente 25% do hospital de campanha do Pacaembu já vai estar ocupado", disse o prefeito. A estrutura emergencial no estádio começou a funcionar nesta segunda (6) e conta com 200 leitos.

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