Veja filmes clássicos que retratam os trabalhadores

Obras mostram a vida de mineiros, estivadores, domésticas e operários

Cena de "Como era verde o meu vale"
Cena do filme "Como era Verde o Meu Vale", dirigido por John Ford - Divulgação
São Paulo

Aproveitando o Dia do Trabalho, comemorado neste 1º de maio, aproveito a coluna desta semana para lembrar filmes que retrataram a classe trabalhadora.

Para continuar no desafio da quarentena, com sete filmes para mais uma semana de isolamento, indico obras que marcaram a história do cinema, mas peço licença para citar três títulos que, embora não sejam clássicos, retratam a vida dos trabalhadores.

São eles os brasileiros “Que Horas Ela Volta?” e “Estou Me Guardando para Quando o Carnaval Chegar” e “Eu, Daniel Blake”, do Reino Unido. Os preços foram pesquisados no dia 30 de abril.


COMO ERA VERDE O MEU VALE 
Os Morgan, família de mineiros no País de Gales no final do século 19, são o centro deste clássico de John Ford, de 1941. A história é contada pelos olhos do caçula Huw, que relembra a união da família e a prosperidade inicial da cidadezinha em que moravam, dominada pela mina de carvão. Mas logo a vida dos mineiros sofre revezes, com a redução do pagamento e a troca por mão de obra mais barata.

A convocação de uma greve divide o pai Morgan e os filhos, a cidade para com a mina e a fome ronda todas as casas da localidade após dias seguidos de paralisação. O filme ainda retrata os perigos que os trabalhadores enfrentam nas minas e os acidentes e as mortes dos operários.

Também não escapa da história de Huw o amor que sua irmã, Angharad, tem pelo pastor local. Conhecido por seus westerns clássicos, Ford costumava dizer que “Como Era Verde” era seu filme preferido. O longa faturou cinco Oscars, entre eles os de melhor filme e melhor diretor.

Onde ver
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Cena do filme "Sindicato dos Ladrões"
Marlon Brando e Eva Marie Saint em cena do filme "Sindicato dos Ladrões" - Divulgação

SINDICATO DE LADRÕES
Elia Kazan dirigiu o filme dois anos após testemunhar na caça às bruxas de Joseph McCarthy em Hollywood, quando mais de 250 artistas apontados como comunistas foram banidos da indústria cinematográfica.

Muitos viram “Sindicato” como uma resposta ou uma expiação de Kazan, que perdeu o contato com vários amigos após o episódio (em 1999, quando recebeu um Oscar honorário das mãos de Martin Scorsese, muitos que estavam na plateia não se levantaram para aplaudi-lo).

No filme, Marlon Brando é o boxeador fracassado Terry, que mantém relações com o grupo mafioso que domina o sindicato dos estivadores de Nova York. Os criminosos impõem uma lei do silêncio entre os trabalhadores: quem fala dos abusos cometidos por eles é morto ou não consegue emprego.

Terry faz um ‘favor’ aos mafiosos, atraindo para uma emboscada um estivador que iria depor contra o grupo. O rapaz acaba morto, e Terry conhece a irmã da vítima, Edie. O ex-boxeador passa, então, a questionar a conduta do sindicato, e se torna um delator.

Onde ver
iTunes: R$ 9,90 (aluguel) e R$ 29,90 (compra). NOW: R$ 6,90 (aluguel)

Cena do filme "A Greve"
Cena do filme "A Greve", dirigido por Sergei Eisenstein - Divulgação

A GREVE 
De 1925, o longa é dirigido por Sergei Eisenstein, cineasta que traduziu em imagens a Revolução de 1917 e ficou conhecido pelas experimentações na montagem, com o uso de metáforas e simbolismos. Em “A Greve”, segue a paralisação de operários após a morte de um colega. As imagens são impressionantes: Eisenstein filma protestos, a perseguição da polícia e a intimidade dos operários. E contrapõe a repressão a um protesto a um industrial espremendo uma fruta e o abate de um animal à morte de trabalhadores.

Onde ver
Looke: grátis para assinantes, R$ 3,99 (aluguel) e R$ 14,99 (compra)
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Cena do filme "Metrópolis"
Cena do filme "Metrópolis", de Fritz Lang - Divulgação

METRÓPOLIS 
No clássico futurista de Fritz Lang, Metropolis é uma cidade dividida no ano de 2026. Enquanto os ricos e poderosos vivem na superfície, onde há o idílico Jardim dos Prazeres, os operários sobrevivem nas profundezas, condenados ao trabalho pesado e sendo apenas um número na engrenagem da grande metrópole. Ao mesmo tempo, um inventor cria um robô, imagem pela qual o filme, uma das principais obras do expressionismo alemão, ficou conhecido.

Por anos, as cópias de “Metropolis” exibidas em todo mundo eram incompletas, com trechos faltando. Em 2008, foram encontrados na Argentina mais 30 minutos de rolo do filme. Eles foram restaurados e a nova versão do longa reestreou no Festival de Berlim de 2010, 83 anos após o primeiro lançamento.

Onde ver
Looke: grátis para assinantes, R$ 4,99 (aluguel) e R$ 19,99 (compra)
Telecine Play: grátis para assinantes
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Cena do filme "Eu, Daniel Blake", dirigido por Ken Loach - Divulgação

EU, DANIEL BLAKE 
Mesmo não sendo um clássico, este filme não poderia faltar na lista sobre os trabalhadores. O diretor Ken Loach leva às telas um drama marcante, sobre Daniel Blake, um operário da construção civil que, após sofrer um infarto, fica perdido na burocracia do serviço social inglês e não consegue receber um auxílio-doença. Enquanto luta pelo o que lhe é de direito, ele conhece uma jovem com dois filhos, também desassistidos pelo poder público. Uma história que se passa na Inglaterra, mas poderia acontecer no Brasil.

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iTunes: R$ 9,90 (aluguel) Google Play: R$ 3,90 (aluguel) e R$ 12,90 (compra)
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Cena do documentário 'Estou me Guardando para Quando o Carnaval Chegar', de Marcelo Gomes
Cena do documentário "Estou me Guardando para Quando o Carnaval Chegar", de Marcelo Gomes - Reprodução

ESTOU ME GUARDANDO PARA QUANDO O CARNAVAL CHEGAR 
Este documentário de 2019 acompanha a rotina dos moradores de Toritama, em Pernambuco, a capital nacional do jeans. Por ano, saem de lá 20 milhões de peças de roupas. Autônomos ou donos de pequenas confecções caseiras, os moradores ganham quanto mais trabalham, submetendo-se a jornadas excessivas. São horas e horas cortando tecido, costurando e carregando pedidos. Mas a maioria vê vantagens neste ‘trabalho por conta’. Eles só dão uma pausa no Carnaval, quando vendem até geladeiras para bancar a viagem para curtir a folia.

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Netflix: grátis para assinantes
iTunes: R$ 14,90 (compra)
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Regina Casé em cena de "Que Horas Ela Volta?" - Divulgação

QUE HORAS ELA VOLTA? 
O filme de Anna Muylaert, de 2015, é considerado uma das melhores produções brasileiras da década. Regina Casé interpreta Val, uma empregada doméstica pernambucana que se mudou para São Paulo para ganhar a vida. Ela mora na casa dos patrões, um casal de classe média alta com um filho adolescente, a quem ela trata como tal. Anos depois, a filha de Val vem a São Paulo fazer vestibular, e sua chegada mexe com as relações familiares e de trabalho na casa.

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Hanuska Bertoia
Hanuska Bertoia

47 anos, é formada e pós-graduada em jornalismo. Gosta de ver filmes em qualquer plataforma (TV, celular, tablet), mas não dispensa uma sala de cinema tradicional.

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