Descrição de chapéu Coronavírus

Clientes fazem fila à espera da reabertura de lojas na rua 25 de Março, no centro de SP

Lojas, que estavam fechadas desde março, reabriram suas portas no fim da manhã desta quarta na capital paulista

São Paulo

No primeiro dia de abertura do comércio na cidade de São Paulo, a região da rua 25 de março (centro) recebeu muitos consumidores no fim da manhã desta quarta-feira (10), como nos dias normais, antes da pandemia do novo Coronavirus.

Na alameda Porto Geral, pouco antes das 11h, horário permitido para a reabertura do comércio, filas e aglomerações se formaram em frente a lojas de fantasias e bijuterias.

Consumidores esperam a abertura de lojas na região da rua 25 de Março, no centro de São Paulo, com a liberação do comércio de rua, fechado desde o mês de março por causa do novo coronavírus - Rivaldo Gomes/Folhapress

A atendente de telemarketing Mariana Freitas Assunção, 24 anos, moradora de Guarulhos (Grande SP), saiu mais cedo de casa e passou pelo local antes de ir para o trabalho, em Pinheiros (zona oeste).

"Nesses primeiros dias sempre tem promoções e preços bem bons, vale o esforço", disse.

Ela admitiu que não procurava nenhum produto urgente. "Mas a cada hora se diz uma coisa sobre este vírus, a gente não sabe direito o que acontece e vai tocando a vida", afirmou.

Gislaine Silva Campos, 27, que mora no centro, esteve em uma loja de fantasias. Segundo ela, estava a procura de produtos de decoração para o Dia dos Namorados. "Aproveitei que não moro tão longe", afirmou. "Achei que iria estar mais vazio, não imaginava que teria tanta gente, mas já que estou aqui vou tentar aproveitar a viagem", disse.

Pelas ruas cheias da rua 25 de Março foi possível voltar a ver pessoas carregando muitas sacolas de compras. Elas pasavam em meio a ambulantes sem máscaras. Alguns consumidores também não usavam o item de proteção ou deixavam ele apenas no queixo, inclusive idosos.

Como recomendado pela Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), lojas mediam a temperatura de cada pessoa que entrava nos locais. A maioria disponibiliza álcool em gel para os clientes. Muitas higienizavam mãos e até sola dos sapatos dos consumidores.

A grande presença de fiscais da prefeitura não impediu que filas enormes se formassem do lado de fora de lojas, não respeitando a distância mínima de 1 metro entre as pessoas.

No Brás, também na região central da capital paulista, a movimentação era menor. Em algumas ruas do tradicional ponto de comércio da cidade, as lojas chegaram a ficar vazias no início da tarde desta quarta-feira.

A exceção foi a rua do Oriente, que teve um movimento intenso e muitas pessoas circulando pelos comércios, entretanto, não o suficiente para formar filas na porta das lojas, como ocorreu na 25 de Março.

Nas calçadas do Brás também era grande o número de vendedores ambulantes que espalharam roupas no chão para vender.

Funcionário de loja faz higienização do calçado de cliente em comércio na rua 25 de Março, no centro de SP - Rivaldo Gomes/Folhapress

Ao entrar, na maioria das lojas visitadas pela reportagem, os clientes precisavam passar o álcool em gel, disponível na entrada, nas mãos, e a medir a temperatura.

Já em Santana, na zona norte da capital, nem a medição e nem o álcool em gel estavam disponíveis na maioria das lojas visitadas nos arredores das ruas Doutor César, Voluntários da Pátria e Salete. O local está muito movimentado, mas também em um volume bem menor do que na 25 de março, no início da tarde desta quarta.

Mesmo com a presença de fiscais da prefeitura na região, as lojas não disponibilizaram os itens de higiene e segurança em saúde. Um vendedor de uma loja de roupas que preferiu não se identificar disse à reportagem que não sabia que precisava medir a temperatura dos clientes e que o álcool em gel estava disponível para os clientes que precisassem, embora não estivesse visível. O mesmo foi informado pelo gerente de uma loja de bolsas.

Sindicato critica descumprimento de protocolos

O sindicato dos comerciários pretende denunciar as empresas que descumpriram o protocolo neste primeiro dia de reabertura do comércio na capital paulista, aponta Ricardo Patah, presidente da entidade.

"Estivemos na 25 de Maço hoje e vamos fazer denúncia contra as empresas que estão descumprindo os protocolos", disse. "O protocolo é o mínimo, se não forem cumpridos os trabalhadores correm grande risco", afirma o dirigente.

Ele salienta que as aglomerações de clientes que se formaram em frente aos comércios é de responsabilidade dos proprietários dos locais. "É um cliente da loja, ele vai entrar na loja. a empresa precisa organizar isso, garantir o distanciamento", diz.

"O transporte também é uma preocupação nossa, se não aumentar a oferta pode gerar muitas contaminações. É uma equação complexa, quase 70 mil comerciários perderam o emprego após o início da pandemia na capital, ajudamos a apoiamos a elaboração dos protocolos [por conta disso], mas a vida do trabalhador é o bem mais precioso", pondera.

Resposta

Em nota, a Prefeitura de São Paulo diz que neste início de reabertura gradual do comércio, os protocolos preveem a possibilidade de abertura ao público por quatro horas, conforme recomendações das autoridades de Saúde. As Subprefeituras também continuam fiscalizando os estabelecimentos que não estão permitidos a funcionar no município. Desde o início das restrições, cerca de 2.000 agentes têm trabalhado na fiscalização e 592 estabelecimentos foram interditados por descumprirem as regras vigentes.

A administração municipal também diz que as medidas foram adotadas após serem debatidas com representantes do próprio setor. “A entidade representativa do setor deverá informar a todos os seus representados sobre os protocolos a serem seguidos e apoiar sua implementação. Também destaca que é importante manter comunicação contínua com seus associados, esclarecendo dúvidas e estimulando a continuidade das medidas enquanto durar a pandemia.”

A Subprefeitura Sé fiscaliza em conjunto com a Polícia Militar a atuação de ambulantes na região da 25 de Março. Na manhã desta quarta (10), aconteceu uma operação, onde foram realizadas 311 apreensões de comércio irregular.

A Subprefeitura Mooca informa que 20 equipes realizam ações de fiscalização diariamente, das 7h às 18h e das 22h30 às 5h30 na região do Brás e Pari em conjunto com a PM. Entre o mês de abril e junho, foram apreendidas mais de 18 mil peças de roupas vendidas irregularmente na região.

A Subprefeitura Santana Tucuruvi, informa que orientou as equipes de fiscalização e agentes vistores para que realizassem todas as medidas necessárias e pertinentes em consonância com o decreto em vigência para o funcionamento dos comércios. Todos os funcionários receberam máscaras acessórios para a realização das ações de fiscalização.

Reabertura do comércio em SP

  • Quando: a partir desta quarta (10)
  • Horário de funcionamento: das 11h às 15h

Regras para os lojistas

  • Distanciamento social
  • Higiene
  • Sanitização de ambientes
  • Orientação dos clientes e dos colaboradores
  • Compromisso para testagem de colaboradores e medição de temperatura dos clientes
  • Horários alternativos de funcionamento
  • Redução do expediente
  • Sistema de agendamento para atendimento
  • Protocolo de fiscalização e monitoramento do próprio setor
  • Esquema de apoio para colaboradores que não tenham quem cuide de seus dependentes incapazes no período em que estiverem fechadas as creches, escolas e abrigos
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