Em grupo de risco, recepcionista tem sorte na luta contra o novo coronavírus

Mesmo com duas doenças autoimunes, ela se curou sem problemas

São Paulo

Uma coincidência acabou ajudando a recepcionista Ivani Motta dos Santos da Silva, 47 anos, a se livrar da Covid-19 sem nem mesmo precisar ser internada. Apesar de sofrer de duas doenças autoimunes, que a colocam no grupo de risco, sua experiência não foi tão traumática quanto poderia ter sido.

Em tratamento há nove anos da síndrome de Sjögren, uma doença que faz o sistema imunológico do paciente atacar as próprias células saudáveis que produzem saliva e lágrimas, Ivani descobriu em fevereiro deste ano que também sofre de Esclerose Múltipla, quando a defesa do corpo ataca o sistema nervoso central, provocando lesões cerebrais e medulares.

Ivani Motta dos Santos da Silva superou bem a Covid-19 mesmo sofrendo com duas doenças autoimunes
Ivani Motta dos Santos da Silva superou bem a Covid-19 mesmo sofrendo com duas doenças autoimunes - Arquivo pessoal

Normalmente, os remédios para tratar essas doenças provocam a diminuição da imunidade da pessoa, uma vez que tira a força das células de defesa. A coincidência foi justamente que a recepcionista havia parado de tomar esses imunossupressores para fazer uma mudança no tratamento. Por isso, o organismo dela ficou forte para enfrentar o novo coronavírus.

Ela conta que pegou o vírus do marido, Clayton, 40, que trabalha em logística de um frigorífico. Por estar sempre em câmaras frias, não é incomum ele ficar gripado. E foi justamente isso o que a família pensou quando ele começou a ter coriza e nariz entupido.

“Mas quando ele disse que não estava sentindo cheiro das coisas, percebemos que deveria ser o coronavírus e ele procurou atendimento. A médica passou o protocolo de Covid, com antibiótico e antiviral, e ele se cuidou em casa. Quando ele melhorou, eu fiquei doente”, lembra Ivani, destacando que o primeiro sintoma foi a perda do olfato. Depois, apareceram as dores no corpo e na cabeça, dor de garganta, falta de ar e tosse.

“Tive sorte que não tive febre, que é sinal de infecção. Eu me cuidei com antibiótico, xarope antialérgico e um xarope caseiro —avisei para a médica—, além de beber bastante líquido e repousar.”

Mesmo com os primeiros sintomas, no sábado (23/5), Ivani não quis ir ao hospital, já que tinha de fazer um exame na quarta-feira seguinte. “Até então eu achava que era só uma gripe, que tinha pegado do meu marido. Na quarta-feira eu ia fazer um exame para pegar meu remédio da esclerose, que é de alto custo. Por isso, fiquei com medo de ir ao médico e ele passar algum antibiótico que interferisse no resultado do exame. Aí, depois de fazer o exame, eu fui ao AMA (Assistência Médica Ambulatorial) e a médica passou antibióticos para eu tomar.”

Após o tratamento, Ivani diz estar bem melhor para tocar a vida. Como trabalha em um colégio, ela está em casa durante a quarentena e pode cuidar dos filhos João Vitor, 21, Lucas, 16, e Marcus Vinícius, 14, que não apresentaram sintomas da Covid-19.​

Assuntos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.