Motorista consegue se tratar da Covid após 4 avaliações erradas

Morador de Cotia só tem confirmação da doença quando foi atendido no Centro de Atendimento de Covid da cidade

São Paulo

Quando começou a sentir os sintomas do novo coronavírus, o motorista Josafá Alves da Silva, 57 anos, resolveu procurar atendimento médico, mas teve sua situação agravada por erros de avaliação dos médicos que o atendeu em Cotia, na Grande São Paulo. E não foram uma nem duas, mas quatro vezes.

No fim de abril, com muitas dores de cabeça e diarreia, ele foi enfraquecendo e não conseguia nem andar direito. A situação piorou com falta de ar, na pior fase da doença.

O motorista Josafá Alves da Silva posa com os profissionais que o atenderam no Centro de Referência da Covid-19, em Cotia, na Grande São Paulo
O motorista Josafá Alves da Silva posa com os profissionais que o atenderam no Centro de Referência da Covid-19, em Cotia, na Grande São Paulo - Prefeitura de Cotia/Divulgação

“Em 18 dias eu estive duas vezes na UPA Atalaia com esses mesmos sintomas, estive em uma clínica particular, num dia em que passei mal e fiquei muito fraco na rua. Fui atendido e eles me mandaram embora. E estive no Hospital de Cotia, onde fiz a tomografia e eles me mandaram embora para casa. Falaram que eu não tinha nada, que não tinha problema nenhum”, conta Josafá, destacando que, assim que deu entrada no Centro de Atendimento da Covid-19 da cidade, no dia 14 de maio, o médico pediu a tomografia feita no hospital e verificou que ela já mostrava claramente que ele estava com a doença.

Ao todo, o motorista ficou oito dias internado na ala amarela do hospital de campanha, para pacientes com sintomas mais leves, mas que necessitam de acompanhamento. “Fiquei no oxigênio e tomando medicamentos, como corticoide e antibióticos, e assinei documento que estava tomando cloroquina. Depois de quatro dias, com medicação intensa, fui melhorando.”

Após a alta médica, no dia 22, Josafá afirma que ainda sentia-se muito fraco, não conseguia andar direito e a alimentação não parava em seu estômago. Sem conseguir acompanhamento médico, acabou ele próprio tentando resolver sua situação.

“Quando tentei procurar a tenda [centro de atendimento] para me ajudar, fraco, com dor de cabeça forte, dor nos rins, eles me abandonaram. Então, falei: ‘Tenho de cuidar da minha vida’. Aí comecei a forçar, a andar de bicicleta, e fui melhorando. Hoje estou melhor e só sinto as dores nos rins. Mas isso acho que com o tempo vai passar. Agora já carrego cesta básica o dia inteiro. Tudo pelo meu esforço”, diz Josafá, explicando que a mulher, Lourdes, 57, teve pneumonia, mas não chegou a fazer o teste da Covid. Ela já está recuperada.

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