Adiamento de Carnaval em São Paulo é inédito, afirma pesquisador

Segundo sociólogo e estudioso do samba, exceto na época da Revolução de 32, o Carnaval paulistano nunca foi cancelado ou transferido

São Paulo

Exceto na época da Revolução de 32, o Carnaval de São Paulo nunca foi cancelado ou adiado, como está acontecendo agora por conta da pandemia de Covid-19, segundo Tadeu Augusto Matheus, sociólogo e pesquisador sobre samba.

Nesta sexta-feira (24), o prefeito Bruno Covas (PSDB) anunciou que os desfiles das escolas de samba e o Carnaval de rua do ano que vem serão transferidos de fevereiro para a partir de maio, por causa do novo coronavírus.

O tucano atendeu a um pedido das agremiações, que ainda não conseguiram planejar o Carnaval de 2021 —normalmente, a preparação começa quase um ano antes do próximo desfile.

“O Carnaval parou entre 1929 e 1932, no contexto da guerra, em São Paulo, da Revolução [Constitucionalista]. Ocorreu o cancelamento do Carnaval neste período, pelo menos oficialmente. Em 1937, no Estado Novo do Getúlio Vargas, houve um cerceamento, os blocos tiveram uma incerteza sobre a realização, mas o Carnaval acabou acontecendo”, diz.

“Mas, nas circunstâncias postas, nunca aconteceu. Só mesmo no contexto de guerra. Não que não seja uma guerra agora [contra o coronavírus], mas adiamento ou cancelamento assim não teve. Isso impacta muito toda a cadeia produtiva do Carnaval”, afirma o especialista.

Covas, na semana passada, já tinha afirmado que não seria possível realizar a festa no ínicio de 2021. Segundo ele, a preocupação não é só com o dia de desfiles no Sambódromo do Anhembi, mas também com os ensaios nas quadras das escolas de samba, que costumam reunir muitas pessoas.

O prefeito, que recentemente afirmou que o Réveillon na avenida Paulista não será realizado na virada de 2020 para 2021, também anunciou nesta sexta a alteração de outros eventos na capital paulista. A Parada LGBTQI+, prevista para o fim de novembro, foi cancelada. A Marcha para Jesus, que teve a data alterada para o dia 2 de novembro, não deverá ocorrer de forma presencial, segundo o tucano. A Corrida Internacional de São Silvestre, que ocorre tradicionalmente em 31 de dezembro, não está confirmada.

Também nesta sexta, a empresa organizadora da Fórmula 1 cancelou o GP Brasil, que estava previsto para novembro.

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