No primeiro dia em que estiveram liberados para voltar a funcionar na quarentena por causa do novo coronavírus, bares e restaurantes da capital paulista tiveram movimento fraco nesta segunda-feira (6). Os estabelecimentos puderam abrir por seis horas, tendo que parar de receber clientes às 17h.
As determinações para o funcionamento foram parcialmente cumpridas. Na maioria dos estabelecimentos visitados pela reportagem, nas zonas sul e leste, os trabalhadores vestiam máscaras de tecido ou de papel. Entretanto, a portaria assinada pelo prefeito Bruno Covas (PSDB) no último dia 4 estabelece que os profissionais que atendem diretamente o público, como os garçons, também devem utilizar proteção facial de acrílico e luvas, e nem todos tinham os equipamentos de proteção.
"Esperava que tivesse mais movimento”, diz Bianca Araújo, 19 anos, atendente de um restaurante no jardim Iguatemi (zona leste). Ela conta que a maioria dos clientes mora ou trabalha na região. Segundo ela, o horário de almoço começa com cerca de dez clientes, mas nesta segunda-feira (06) havia apenas uma pessoa.
Dono de um bar na zona leste, Sérgio Lima, 48, afirma que seu ponto de venda teve uma queda de aproximadamente 50% no faturamento desde o início da quarentena, em março. Antes da reabertura para consumo no local, o estabelecimento estava funcionando somente para entregas.
Na rua Domingos de Morais, na zona sul, uma galeteria que originalmente tinha capacidade para receber 200 pessoas, teve de disponibilizar somente 80 lugares. A portaria municipal autoriza o funcionamento de até 40% do limite em cada estabelecimento. Por volta do meio-dia desta segunda-feira, nenhum cliente ainda havia chegado. "Esperamos que o movimento cresça aos poucos", diz o proprietário, Edgar Busin, 31.
Na praça Michie Akama, na Vila Mariana, um bar funcionava com mesas na calçada, o que não é permitido segundo as regras definidas pela administração municipal. O proprietário, Edmundo de Carvalho, 51, afirmou que não sabia da proibição.
Na rua Luís Góis, no mesmo bairro, o restaurante Velonetto, que funciona no sistema self-service por quilo, seguiu todas as normas definidas. "Disponibilizamos luvas para os clientes no bufê. Os pegadores são esterilizados e trocados a cada hora e tiramos tudo que tinha de contato nas mesas, como temperos", explica o proprietário, Marcelo Veloso, 47.
Clientes dizem se sentir seguros com novas regras
Os consumidores que foram a bares e restaurantes nesta segunda disseram ter se sentido seguros com as novas regras para o funcionamento desse tipo de comércio. Os clientes reconhecem que as medidas de precaução são necessárias para conter o avanço do novo coronavírus.
"Eu me senti muito tranquila com tudo que foi feito aqui, principalmente pela questão do afastamento e da higienização", comenta a pedagoga Élide Pietracatelli, 63. Ela admite que sentia falta de poder se alimentar fora de casa.
Sentimento semelhante foi compartilhado pela atendente comercial Taiane Nunes, 20. "É muito bom poder sair, principalmente quando o restaurante segue todos os protocolos definidos."
A vigilante e bombeira civil Caroline Alves Barbosa, 29, foi com a filha e uma amiga dela a uma lanchonete na zona leste no início da tarde. Ela afirma que já frequentava o espaço antes da pandemia e aproveitou que estava aberto para matar a saudade das coxinhas do local. “Estou achando ótimo”, comenta Caroline sobre a reabertura.
A aposentada Fátima de Oliveira aproveitou a tarde quente para tomar uma cerveja com um amigo em um bar no jardim Iguatemi (zona leste). “Estou com a minha máscara e um potinho de álcool em gel na bolsa”, diz sobre os cuidados tomados. Ela comenta que já perdeu colegas para a Covid-19 e que, por esse motivo, a doença tem de ser levada a sério.
Salão de beleza reforça cuidados
Também autorizado a reabrir nesta segunda-feira (6), um salão de beleza na região do jardim Iguatemi, na zona leste, adotou medidas para evitar risco à saúde de clientes.
O cabeleireiro Manoel dos Santos, 61, trabalha de terça-feira à sábado. Nesta segunda-feira, ele foi até o salão para fazer reparos na fachada e aproveitou para cortar o cabelo de um amigo.
No estabelecimento, Manoel tem um aparelho para esterilizar as ferramentas de trabalho e explica que os cuidados com a higiene e limpeza são semelhantes a antes da pandemia, quando já tomava cuidados do tipo. Agora, ele adotou o uso de máscaras, dispõe álcool em gel para clientes e não irá permitir aglomerações, já que o salão é pequeno. “Só entra quem vai ser atendido”, explica.
Manoel trabalha com uma cabeleireira e manicure que faz parte do grupo de risco, logo, está evitando a vinda dela neste momento. Quando a situação for normalizada e caso seja necessário, ele avalia contratar mais alguém. “Está difícil para todo mundo. Temos que pedir a Deus que escape com vida e siga em frente”, comenta.
Resposta
A Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), diz em nota que agentes da Secretaria Municipal das Subprefeituras fiscalizam diariamente estabelecimentos que ainda não tiveram a abertura ao público permitida. "Desde o início das restrições, cerca de 2.000 agentes têm trabalhado na fiscalização e 637 estabelecimentos foram interditados por descumprirem as regras vigentes. Destes, foram 235 foram bares, cafeterias, restaurantes e lanchonetes, além de uma danceteria e seis tabacarias. Os mesmos serão desinterditados após o cumprimento do decreto, caso não tenham sua licença de funcionamento cassada."
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