Com atraso, cerejeiras do parque do Carmo, em SP, começam a florir e atraem visitantes

Inverno quente contribuiu para que floração de árvores demorasse cerca de uma semana além do convencional

São Paulo e São Paulo

Até as cerejeiras do parque do Carmo sentiram que o inverno deste ano está mais quente e, com atraso, irão florir na zona leste capital até o próximo fim de semana e não como ocorre normalmente na primeira semana de agosto.

As árvores, de origem japonesa, atraem milhares de visitantes anualmente durante sua curta floração, de cerca de duas semanas.

O engenheiro Lincoln Uwataira, 66 anos, cuida há mais de uma década das cerca de 4.000 cerejeiras, divididas em três bosques no parque municipal. Segundo ele, o clima neste ano não foi favorável para a floração e houve o atraso.

“Isso já aconteceu outras vezes. Mas vão florescer até a próxima semana”, afirmou Uwataira, diretor da Federação de Sakura e Ipê do Brasil, entidade responsável por cuidar das cerejeiras há 42 anos, idade da planta mais antiga do parque, e da Festa das Cerejeiras, cancelada nesta ano.

“Não retirem flores nem galhos das árvores. Elas devem ser contempladas e cuidadas para que, no ano que vem, tenham uma florada ainda mais bonita.”

Com 101 anos, o aposentado Yoshio Yamamoto foi com a filha Kahol Yamamoto Komorita, 67, ao parque do Carmo na quinta (6), e ficou frustrado porque acreditava que as cerejeiras estariam carregadas de flores como em outras vezes.

“A família vem ver as sakuras [as cerejeiras] há uns dez anos. Isso se tornou um passeio anual que fazemos sempre para meu pai contemplar as flores”, disse Kahol, acrescentando que o idoso centenário “garantiu que a florada deste ano ainda está muito fraca”.

“Como meu pai é do Japão, para ele tem um valor simbólico muito forte ver as sakuras”, acrescentou Kahol. O idoso centenário se mudou para o Brasil ainda adolescente, vindo da cidade de Okayama.

​Festa

A tradicional Festa das Cerejeiras do parque do Carmo foi cancelada pela primeira vez em 42 anos, como medida de proteção contra o novo coronavírus.

Mas mesmo sem a festa, as cerejeiras têm atraído visitantes ao parque, reaberto há cerca de um mês.
O arquiteto David Duarte, 25 anos, viu a florada das cerejeiras pela primeira vez nesta sexta-feira (7). “Não sei se viemos no tempo certo, achei que ia estar mais cheia”, disse.

A estagiária Mariana Costa, 22, que não conhecia o parque florido, foi até lá para reencontrar os amigos Cíntia Lopes, 31, professora de educação física, Larissa França, 26, produtora de moda e Gabriel França, 19, empresário, e elogiou a tranquilidade.

O conferente Eduardo Pereira, 24, aproveitou o dia de folga com a estudante Letícia Nanes, 21, e foi ao tradicional bosque das cerejeiras para tirar fotos, mesmo sem muitas flores. “A beleza chama atenção.”
Por causa da quarentena, o parque do Carmo abre de segunda à sexta das 6h à 16h. O uso de máscara é obrigatório.

Natureza

O biólogo Samuel Gonçalves lembra que o tempo do florescimento é determinado pelo tempo de exposição da planta à luz, além da temperatura. Quanto estes dois fatores mudam, isso influencia na produção de hormônios de floração.

“Com temperaturas mais altas, os hormônio de floração da cerejeira são modificados em quantidade e isso retarda o florescimento”, explica.

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