Um laudo pericial confirmou que o corpo encontrado carbonizado na zona sul de SP em julho é da líder comunitária Vera Lúcia da Silva Santos, 64 anos, que estava desaparecida. Ela presidia a ONG Auri Verde, responsável por administrar creches em convênio com a Prefeitura de São Paulo.
O carro da líder comunitária, que trabalhava no Grajaú (zona sul da capital paulista), foi encontrado queimado com um corpo carbonizado no porta-malas em 18 de julho.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, gestão João Doria (PSDB), o caso segue em investigação pela Divisão de Homicídios do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa).
No início de agosto, a polícia pediu a quebra do sigilo bancário de Vera Lúcia. Uma das linhas de investigação é a de que o desaparecimento da líder comunitária possa ter ligação com as atividades da entidade Auri Verde. Quem realizou o crime, segundo a polícia, teria ciência dos valores que circulavam pelo caixa da ONG.
Para realizar a identificação, a polícia recolheu material genético de familiares da líder comunitária. O material foi confrontado com o DNA do corpo encontrado carbonizado.
Vera desapareceu em 16 de julho após receber um telefonema e sair Auri Verde, onde trabalha desde 1992. Um amigo dela, que pediu anonimato, afirmou à reportagem na época ter presenciado o momento em que Vera recebeu uma ligação telefônica, por volta das 10h20 de quinta-feira, 16 de julho.
“Ela respondeu tá, tá, ok, ok, e saiu sem falar para onde ia em seguida”, diz. A testemunha afirmou ao Agora que Vera costumava se deslocar sempre com um motorista, mas que naquele dia saiu sozinha.
A entidade presidida por Vera atua há 28 anos na região. Atualmente, a ONG administra seis creches e um centro de juventude, onde são oferecidos cursos de capacitação à comunidade. Vera também pertencia ao Conseg (Conselho Comunitário de Segurança) da região.
“Estranhei, pois a dona Vera saiu sem o motorista, dirigindo ela mesma o carro, sem falar para onde ia”, pontuou o amigo. Depois disso a líder comunitária não foi mais vista.
O carro dela, um Volkswagen Fox, modelo 2010, foi encontrado destruído pelo fogo, por volta das 10h do sábado seguinte por policiais militares que faziam ronda pela rua Doutor Pedro de Castro Valente.
Após pesquisarem as placas do veículo, os agentes constataram que um boletim de ocorrência havia sido registrado, informando o desaparecimento da líder comunitária. Em seguida, os policiais encontraram um corpo carbonizado no porta-malas do veículo.
O amigo disse que, ainda na quinta, telefonou para o celular de Vera, após se preocupar com a demora da líder comunitária em retornar à ONG. As ligações foram atendidas três vezes por uma mulher desconhecida.
"A pessoa que atendeu afirmou que o número não era da Vera, mas claro que era o número dela. Depois disso, o celular foi desligado", afirmou a testemunha, acrescentando que a amiga não recebeu ameaças e que também não tinha inimigos.
Após a identificação, o corpo de Vera Lúcia foi liberado aos familiares nesta quinta-feira (20).
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