Jair Rousseff

Jair Bolsonaro certamente não é o primeiro presidente brasileiro tentado a liberar as chaves dos cofres do governo na esperança de, mais adiante, garantir uma reeleição mais tranquila.


Essa, na verdade, tem sido a regra no país desde o restabelecimento da democracia, até mesmo porque a Constituição já leva ao aumento de despesas obrigatórias com salários e benefícios sociais.


Bolsonaro, porém, tem o azar e a sorte de ter chegado ao posto depois da petista Dilma Rousseff, que levou a gastança aos limites da lei e da capacidade do Tesouro Nacional —o que lhe custou a interrupção do segundo mandato. Azar porque herdou um governo na pindaíba, sem muitas opções do que fazer. Sorte porque pode aprender com a experiência alheia —além de contar com um teto para os gastos federais fixado na Constituição em 2016.


Dilma elevou as despesas do governo sem parar de 2011 a 2015, na ilusão de que assim faria a economia andar. Acabou provocando alta da inflação, do dólar e dos juros, disparada das dívidas, desconfiança dos empresários e uma das maiores recessões da história do país.


Em Brasília se comenta agora que Bolsonaro sonha em driblar o teto do gasto, para fazer uma grande ampliação do Bolsa Família ou para lançar um programa ambicioso de obras públicas.


Com a experiência do auxílio emergencial, ninguém discute que é importante socorrer as famílias mais carentes, ainda mais depois da pandemia. Mas fazer isso sem respeitar os limites do Orçamento só vai provocar outra crise.


No final das contas, os mais prejudicados serão, como sempre, os pobres e miseráveis —e são eles que decidem as eleições, como Bolsonaro deveria saber.

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