Os homicídios dolosos (aqueles com intenção de matar) no estado de São Paulo voltaram a crescer em julho depois de três meses de queda. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a alta foi de 17%. Os dados são da SSP (Secretaria da Segurança Pública), do governo João Doria (PSDB).
Ao longo de julho, a Polícia Civil registrou 217 homicídios dolosos, enquanto ocorreram 186 no mesmo período do ano passado. As estatísticas mensais são divulgadas no site da própria SSP.
De acordo com os dados, a queda no número de homicídios dolosos vinha ocorrendo desde março, quando foram registradas 286 mortes no estado (o recorde do ano). Em junho foram 211 casos e no mês passado, os 217.
Rafael Alcadipani, professor da FGV (Fundação Getilio Vargas) e integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, afirma que o aumento na desavença de criminosos e conflitos gerais entre as pessoas são motivos para o crescimento.
"São Paulo, nacionalmente, é exemplo na redução de homicídios. Temos um problema grave com 17% de aumento nos crimes [na comparação entre os meses de julho de 2019 e de 2020]. É muita coisa", afirma.
Neste ano, julho é o segundo mês com maior crescimento nos homicídios dolosos, atrás somente de março, que registrou uma alta de 23,8%, na comparação com março de 2019. Naquele mês, o estado somou 286 crimes, enquanto o mesmo mês do ano passado foram contabilizados 231 registros.
O período de sete meses, entre janeiro e julho de 2020, soma 1.677 casos do crime no estado, quantidade 6% maior do que os 1.580 nos mesmos meses de 2019.
Até julho, quatro meses apresentaram crescimento nos homicídios quando comparados ao ano passado. Além de julho e março, abril (3,5%) e maio (5,6%). Os meses com quedas são janeiro (2,6%), fevereiro (0,9%) e junho (0,5%).
Na comparação com cinco anos, no entanto, o número apresenta tendência de redução, com uma queda de 25,17% entre o número de casos registrado em 2016 e 2020. Nos últimos cinco anos, o índice de homicídios registrou nos meses de julho oscilação. Em 2015 foram 275 casos, em 2016 o número subiu para 290, caiu em 2017 para 269 casos registrados, teve nova queda em 2018, para 245 casos; em 2019 foram 186 casos e chegou a 2020 com 217.
Na capital paulista, o aumento é de 1,9% nos casos de homicídio registrados no mês de julho de 2020 em relação ao ano passado: de 53 para 54. Janeiro, com alta de 21,8%, passando de 55 para 67 crimes, é o mês do ano com mais homicídios dolosos em 2020.
Outros crimes
Os dados de julho divulgados pela SSP ainda mostram crescimento no registro de estupros. Foram 921 no mês frente a 850 durante o mesmo período do ano passado. O total é 8,3% superior.
Em contrapartida, julho apresentou redução nos roubos, com 17.357 ocorrências. A queda é de 21% quando comparado com os 21.957 crimes em julho de 2019.
O mesmo ocorre com furtos, com diminuição de 28,5% em um ano: 31.042, em 2020, contra 43.402 no registro de julho do ano anterior.
Outras quedas aparecem nos crimes envolvendo veículos neste intervalo de 12 meses, com redução de 34% no roubo (2.427 contra 3.691) e 28% nos furtos (5.617 ante 7.868).
Alcadipani considera a pandemia como um fator determinante para estas diminuições. "Era esperado", define. "Tem menos gente na região da avenida Paulista, por exemplo, onde tinha muitos roubos de celulares. Tinha movimento, agora não tem".
Resposta
A Secretaria de Segurança Pública, gestão João Doria (PSDB), afirma que o estado de São Paulo investe continuamente na formação dos seus policiais e em tecnologia para combater à criminalidade e reduzir os indicadores criminais.
Segundo a pasta, a atual gestão já investiu mais de R$ 400 milhões para modernizar a estrutura policial e reforçar o efetivo para ampliar a capacidade de ação das polícias.
"A taxa de homicídios dolosos dos últimos 12 meses (de agosto de 2019 a julho de 2020) ficaram em 6,44 casos por 100 mil habitantes. A variação dos indicadores no período analisado pela reportagem foi impactada principalmente pelas ocorrências de brigas interpessoais entre conhecidos", diz a secretaria em nota enviada a reportagem.
Em relação aos estupros, a pasta afirma que "24% dos casos registrados no período ocorreram em meses anteriores a julho. O total de registros foi puxado principalmente pelos casos envolvendo vulneráveis, os episódios envolvendo outras vítimas teve redução de 1,3% no mês. Para combater esses crimes e acolher às vítimas, é necessário combater a subnotificação. E é exatamente isso que o governo do estado tem feito desde o ano passado, com a ampliação do número de DDMs 24 horas e os canais de para o registro de ocorrência, como a delegacia eletrônica".
Ainda segudno a nota, "as polícias atuam de maneira integrada, com uso de inteligência para reduzir a criminalidade, reforço no policiamento ostensivo e preventivo e nas investigações pelos setores especializados das Delegacias Seccionais e pelo DHPP".
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