Queda de caixa d'água em Diadema abala prédio vizinho, diz morador

Síndico do local aponta rachaduras na estrutura após desabamento do equipamento

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São Paulo

Moradores do condomínio que fica ao lado do local onde uma caixa d'água de concreto desabou no último domingo (23), em Diadema (ABC), afirmam que a queda comprometeu a estrutura dos prédios vizinhos.

"O condomínio de cá [ao lado do acidente] sofreu abalos e tem muitas rachaduras em praticamente todas as torres", afirma o síndico Givanildo Feliciano, 61 anos. Na ocasião do desabamento, ele havia dito que a queda foi ocasionada durante a demolicação que estava sendo feita por uma empresa contratada pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano).

Moradores do condomínio que fica ao lado do acidente com a caixa d'água fotografaram rachaduras no local, após o desabamento - Arquivo pessoal

A caixa d'água de concreto estava no alto de um terreno, em frente ao conjunto habitacional. Alguns carros que estavam estacionados na rua chegaram a ficar totalmente destruídos. Ninguém ficou ferido.

De acordo com Feliciano, os moradores não receberam orientações sobre o abalo no prédio, que fica na avenida Afonso Monteiro da Cruz. "A CDHU prometeu mandar uma perícia, mas nada foi feito. Estamos com medo de que algo mais grave aconteça", diz ele.

Ainda na terça-feira, houve desabastecimento na região. De acordo com a Sabesp, a queda da caixa de alvenaria danificou três cavaletes de água. Em nota, a companhia informou que as equipes realizaram o reparo de dois deles mas que o conserto do terceiro cavalete foi impossibilitado pelos trabalhos da perícia. A previsão é de que o serviço seja concluído quando todos os entulhos forem retirados.

A Polícia Civil, que investiga as circunstâncias do desabamento, afirmou que um inquérito foi instaurado na segunda-feira (25) para apurar as responsabilidades pelos danos e se houve negligência.

Sobre as queixas a respeito das rachaduras, a Defesa Civil de Diadema disse que não recebeu nenhum comunicado informando danos aos prédios e que as equipes estão permanentemente no local, oferecendo apoio a essa ocorrência, juntamente com o CDHU e que pode, preventivamente, vistoriar os edifícios identificando possíveis danos estruturais e tomando as providências necessárias.

A reportagem também procurou o Corpo de Bombeiros de Diadema, que disse não ter nenhum registro de qualquer ocorrência envolvendo rachaduras no local.

Em nota, a Prefeitura da cidade disse que, em 4 de maio de 2020, a Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano de Diadema notificou essa obra por irregularidade, fez a interdição e solicitou a representação de alvará, o que não foi feito.

A administração municipal disse, ainda, que a CDHU esteve na Prefeitura protocolando a regularização fundiária do empreendimento, porém, "não informou que a caixa d'água seria demolida e o tema não foi discutido para fins de processo de regularização, potanto, o reinício da obra foi feito de forma irregular."

A demolidora foi procurada pela reportagem e afirmou que o dono da empresa faleceu no mesmo dia do desabamento e que a família deve se reunir para dar uma resposta sobre a queda da caixa d'água nesta quarta (26).

A CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), sob gestão do governo João Doria (PSDB), afirma que irá vistoriar, nesta quarta-feira (26), o condomínio localizado ao lado do acidente para verificar possíveis danos e eventual necessidade de isolamento da área.

Em relação aos prejuízos causados pelo acidente, a CDHU diz em nota que acionou, na segunda-feira (24), o seguro contratado. "A demolição do restante das estruturas, bem como a limpeza da área atingida, só serão iniciadas após o laudo da perícia e a emissão do alvará pela prefeitura", afirma a companhia.

Ainda segundo nota divulgada pela empresa, "a CDHU contratou o consórcio Nor Brasil - TPD para realizar, dentre outros serviços, a demolição da caixa d’água, sendo esse responsável pela execução da obra, bem como pelas exigências legais para sua execução".

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