Descrição de chapéu tecnologia

Lâmpada circular é acessório da moda para iluminar vídeos

Luz é fundamental para melhorar a qualidade das conversas online e garantir imagem caprichada

São Paulo

A pandemia trouxe consigo a necessidade de isolamento social e, em cima da hora, muita gente se viu atrás de acessórios para melhorar a própria imagem nas chamadas de vídeo, tão comuns desde março.

Microfones de lapela, webcam, caixinhas de som, suportes para celular e todo tipo de badulaque tecnológico foram vendidos e comprados a rodo nos últimos meses. A campeã na preferência, porém, foi a lâmpada circular (“ring light”, em inglês), que promete trazer luz às conversas online.

Se no passado o que importava era ir até os lugares pessoalmente, agora isso nem sempre é possível. O que faz a cabeça de alguns é ter uma boa foto ou vídeo, seja a trabalho ou por pura diversão. A doméstica Jéssica Silva, 30 anos, está interessada nos cliques e, para isso, busca imagens caprichadas, com a ring light, colocando a família toda atrás disso.

“Falei ‘estou em casa, sem fazer nada, então vou inventar alguma coisa’. Baixei o TikTok, tenho o Instagram também. Gravo meus stories, meus vídeos”, diz. “Entrei por livre e espontânea pressão, cara”, brinca o marido dela, o eletricista Samuel da Silva Santos, 37.

Na última semana, o casal foi à rua Santa Ifigênia para melhorar a luz das fotos e vídeos, porque a lâmpada comprada em maio já não dá conta. “Estou pesquisando uma maior para dar a pequeninha para a minha filha”, disse Jéssica.

A cuidadora Priscila Messias, 33 anos, que usa a lâmpada circular para melhorar a qualidade das transmissões de missas na região da Brasilândia (zona norte de São Paulo) - Rivaldo Gomes/Folhapress

Já para a cuidadora Priscila Messias, 33, melhorar a qualidade dos vídeos é também questão de fé. “Uso para fazer transmissão das atividades da igreja, a Imaculado Coração de Maria, na Brasilândia [zona norte]”, diz. As missas online são acompanhadas por cem pessoas, que recebem assim o conforto em um momento tão ruim quanto o atual.

Depois de perder um celular ao vê-lo cair no chão e quebrar a tela, Priscila foi atrás da lâmpada circular, que já vem com um suporte para o aparelho. “No começo da pandemia, em abril, paguei R$ 170 em um com tripé de 1,20 m”, disse. Na última sexta-feira (23), foi à rua 25 de Março em busca de um maior. “Agora, eu comprei um [com tripé] de 2,10 m e paguei R$ 130.”

Psicólogo usa para atender pela internet

O psicólogo Luiz Gustavo Silva Santos, 26 anos, também foi atrás de equipamentos que pudessem ajudar nas transmissões online. O profissional usa esses acessórios tecnológicos tanto fazer lives quanto para atender pacientes.

Na última semana, Santos foi à rua Santa Ifigênia e não voltou de mãos abanando. “Hoje, eu comprei um fone, porque é melhor para entender o que estão dizendo. Melhor para ouvir do que com o barulho do celular”, disse.

Já a lâmpada circular é uma aquisição não tão recente. “Comprei em agosto, quando comecei a bombar na redes sociais. Eu precisava ter uma boa imagem. É muito importante para as lives e também para quando faço entrevistas com outros psicólogos, outros profissionais”, afirmou.

Vendedora diz que saem 50 peças por dia de sua loja

A vendedora Bruna Cavalcanti de Oliveira Souza, 21 anos, sempre aconselha o cliente a comprar uma lâmpada do tamanho da sua real necessidade. Segundo ela, esse tipo de conselho pode ajudar a evitar decepções futuras.

“Se a pessoa precisa de algo na área profissional, então é melhor as maiores. Já as mães, que usam para crianças, compram as menores”, diz Bruna.

A vendedora comprou ela mesma uma lâmpada para usar em casa. “Tenho uma pequena, mas é para fazer maquiagem”, conta. Segunda ela, são vendidas cerca de 50 peças por dia no local onde trabalha.

Embora o mercado tenha se inundado de luz durante a pandemia, parece que o fôlego já está chegando ao fim. Para a gerente Janaína Tayná Izaías, 38, os chineses começam agora a queimar os estoques. “Estamos vendendo por um valor mais barato do que foi comprado”,diz.

Mas a roda de negócios não para, mesmo na crise. Em meio a tantas novidades, uma delas já se prepara para tomar de assalto os pulsos. “Uma mercadoria que começou a se destacar foi o smartwatch [relógio que conecta com o celular]. Um bom sai de R$ 500 a R$ 550”, diz Janaína.

A vendedora Bruna Cavalcanti, no estande da sua loja na rua 25 de Março, no centro de SP - Rivaldo Gomes/Folhapress

25 de Março abastece cidades distantes

Mesmo em cidades distantes da capital paulista a busca pela lâmpada circular é gigantesca. Para abastecer os estoques, a comerciante Alice Benites, 39 anos, de Três Lagoas (MS), esteve nesta semana na rua 25 de Março.

“Eu nem sei o quanto vendemos, porque não fico na loja. Mas a procura por lá é muito grande também”, afirmou, com muita pressa, entre sacolas lotadas de produtos para serem revendidos em Mato Grosso do Sul.

Um vendedor da loja onde Alice comprou as lâmpadas e acessórios disse que foram levadas 7.000 peças desde o início da pandemia.

Nos boxes de galerias da avenida Paulista, a lâmpada também faz sucesso com as pessoas. “Tripé e ring light foi o que mais vendemos. São três tons de luz, da mais quente à mais fria. De R$ 90 a R$ 170”, afirma a vendedora Thawane Ozana, 24.

Na Santa Ifigênia, além da lâmpada, se vendeu muito gatilho para acoplar no celular. “Para criançada jogar”, diz o vendedor Eduardo Miranda, 20.

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