O Vigilante Agora percorreu as sete linhas da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), visitou 13 estações e encontrou dificuldade de acesso no embarque e desembarque, uma constante entre as paradas, buracos e obstáculos em plataformas, pintura desgastada e abandono nas regiões mais periféricas da Grande São Paulo.
A situação mais crítica é a da estação Aracaré, na linha 12-safira, em Itaquaquecetuba. Abandonada, a parada tem desnível entre os trechos da mesma plataforma, mato crescendo entre a alvenaria, nenhuma acessibilidade para passageiros com dificuldade de locomoção. Nada é mais grave, porém, que a distância entre o trem e a plataforma, superior a 30 centímetros de altura e a mais de 15 centímetros de distância, o que obriga a pessoa a saltar no embarque e desembarque. Os próprios funcionários relatam que o risco de acidentes é constante.
Na linha 7-rubi, a estação Vila Clarice também tem vão de mais de 30 cm de altura entre trem e área de embarque, nenhuma acessibilidade e uma situação clássica entre as paradas fora do centro expandido da capital, que é a plataforma parcialmente descoberta. Quem embarca ou desembarca sem guarda-chuva nos primeiros ou nos últimos vagões acaba se molhando.
Os problemas também se estendem pela linha 8-diamante. A Comandante Sampaio é inacessível para quem tem dificuldade de locomoção. No saguão, infiltração e poças d’água na última terça-feira (17), chuvosa. O banheiro masculino estava sujo e alagado.
“Só tem bilheteria de um lado e a pessoa é obrigada a atravessar para comprar a passagem. Está sem cobertura nas pontas, sem pintura”, afirma a professora Daniela Vieira, 28, que costuma embarcar na Prefeito Saladino, da linha 10-turquesa, em Santo André (ABC). Na última terça, a água da chuva escorria pela alvenaria e molhava também quem desembarcava nas extremidades do trem.
Na 11-coral, o banheiro da estação Guaianases fica do lado de fora, no terminal de ônibus. O piso do saguão de entrada está desgastado. Grande parte da plataforma é tomada por poças d’água. Até mesmo a linha 13-jade, inaugurada há dois anos para levar passageiros até perto do aeroporto de Cumbica, já mostra problemas de manutenção. A estação de transição Engenheiro Goulart é limpa e bem iluminada, mas já tem goteiras e infiltração.
Entre as estações da CPTM, o Vigilante encontrou exceção apenas na linha 9-esmeralda, que sai de Osasco e margeia o rio Pinheiros e bairros ricos da zona oeste da capital. Na Vila Olímpia, por exemplo, há até limitadores de velocidade para cadeirantes na passarela que atravessa a marginal. Há ainda piso táctil e antiderrapante, o que deveria ser regra também nos bairros pobres da região metropolitana.
Resposta
A CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) diz que todos os casos de manutenção citados pela reportagem já estão com processo aberto e as áreas responsáveis avaliam a melhor forma de resolver. Também afirma que alguns serviços, como bilheterias, foram alterados ou suspensos por causa da pandemia.
A CPTM diz que 68 das 94 estações são acessíveis, três estão com obras em andamento e todas as outras que precisam de adaptações de acessibilidade estão com projetos já em execução. Também afirma que a Secretaria de Transportes Metropolitanos, sob a gestão de João Doria (PSDB), está em processo de concessão de algumas estações e linhas do sistema metroferroviário para iniciativa privada.
A CPTM afirma que há estações muito antigas, do tempo que não se previa acessibilidade, então os projetos têm que ser "completos e estruturais", envolvendo, além das plataformas, sanitários, rampas entre outros. A companhia diz que funcionários são treinados para atender o público com necessidades especiais. Para estações que ainda não têm acessibilidade, a companhia disponibiliza transporte em veículos adaptados para a estação acessível mais próxima. Diz também que há 12 estações tombadas pelo patrimônio histórico e, por isso, o projeto de adaptação precisa ser aprovado pelos órgãos de preservação.
O que o Vigilante encontrou
LINHA 7
- Lapa
- Sem acessibilidade (escadarias, sem elevador ou rampa)
- Pintura desgastada
- Vila Clarice
- Plataforma sem cobertura
- Passarela enferrujada
- Bilheteria funcionando só no sentido centro
- Plataforma cheia de buracos e irregularidades
- Faixas amarela e branca deterioradas
- Sem acessibilidade (escadarias, sem elevador ou rampa)
- Degrau de mais de 30 cm de altura e buraco entre trem e plataforma
LINHA 8
- General Miguel Costa
- Degrau entre trem e plataforma
- Sem acessibilidade (escadarias, sem elevador ou rampa)
- Plataformas com trechos estreitos
- Comandante Sampaio
- Sinalização desgastada
- Vão largo entre trem e plataforma
- Sem acessibilidade (escadarias, sem elevador ou rampa)
- Infiltração e poças no saguão
- Banheiro sujo, alagado
LINHA 9
- Vila Olímpia
- Escadas rolantes
- Piso tátil e antiderrapante
- Limitadores de velocidade para cadeirantes na passarela
- Santo Amaro
- Escada rolante quebrada, em manutenção
- Irregularidades e buracos no piso da plataforma
LINHA 10
- Tamanduateí
- Limpa
- Escadas rolantes funcionando
- Bancos bem conservados
- Sinalização adequada
- Capuava
- Telhas com infiltração
- Antiderrapante deteriorado
- Vidros ausentes na passarela
- Pichações
- Sem acessibilidade (escadarias, sem elevador ou rampa)
- Pintura desgastada
- Parte da plataforma é descoberta
- Prefeito Saladino
- Bilheteria fechada na entrada em direção ao Brás
- Sem acessibilidade (escadarias, sem elevador ou rampa)
- Plataforma parcialmente descoberta
- Degrau de mais de 20 cm entre trem e plataforma
- Infiltração
- Pintura deteriorada
- Antiderrapante desgastado (linha branca na plataforma)
LINHA 11
- Calmon Viana
- Passarela com piso escorregadio e desgastado
- Cobertura não impede formação de poças na plataforma
- Guaianases
- Poças d'água na plataforma
- Piso desgastado antes das catracas
- Banheiro somente do lado de fora, no terminal de ônibus
LINHA 12
- Engenheiro Manoel Feio
- Plataforma parcialmente coberta
- Sinalização desgastada
- Passarela enferrujada
- Pichações
- Faixa amarela e linha branca antiderrapante deterioradas
- Aracaré
- Sem acessibilidade (escadarias, sem elevador ou rampa)
- Mais de 30 cm de altura e 15 cm de distância entre trem e plataforma, obrigando passageiro a saltar no embarque e desembarque
- Plataforma estreita, cheia de obstáculos e irregularidades no pavimento
- Pedaços de ferro soltos na beirada da plataforma
- Mato crescendo em meio à alvenaria
- Plataforma parcialmente descoberta
LINHA 13
- Engenheiro Goulart
- Amplo saguão
- Limpa
- Bem iluminada
- Sinalização adequada
- Infiltração e goteiras
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