Mais de um mês depois do anúncio da retomada da construção da linha 6-laranja do metrô, ainda há trechos da obra —prometida inicialmente para 2013, e, atualmente, para 2025— que permanecem como antes. "Por enquanto, nada, só promessas", afirma o desempregado Valmir Santana, 61 anos.
Santana mora na rua Professor Viveiros Raposo, com vista para a área que abrigará a estação Brasilândia, na zona norte. Por lá, os tapumes da obra cercam apenas um terreno vazio entre as ruas Domingos Francisco Lisboa, Professor Viveiros Raposo e Padre José Materni e a estrada do Sabão, cheio de mato alto e lixo.
No local, futuramente ficará a primeira parada da linha, que vai levar os passageiros até a estação São Joaquim, na Liberdade, região central. A construção começou em 2015 e foi paralisada em 2016, quando o consórcio responsável pela obra não conseguiu o financiamento necessário. Na época, a previsão de entrega era em 2020.
"A única coisa que vi acontecer aqui foi derrubarem as casas, e, depois, mais nada. Agora é só sujeira pra todo lado, muito entulho. Se [o metrô] vier vai melhorar bastante. A gente reza para ver se acontece mesmo", afirma o morador da Brasilândia.
Ao redor da estação Pacaembu, região central, a situação é parecida. O canteiro está fechado, sem movimento de obra e com lixo acumulado. O vendedor João Cabrera, 27, trabalha em frente, e diz que não tem visto obras no local. "Lá dentro, não tenho visto nem ouvido nada."
Em outros pontos da construção da linha, vizinhos dizem que têm percebido uma movimentação nova desde o mês passado. O comerciante Antônio Cerqueira, 60, trabalha perto do local onde começa a escavação dos túneis, no cruzamento das ruas Engenheiro Edgard Ferreira de Barros Júnior e Balsa, na Freguesia do Ó, zona norte.
Ele diz que já vê muita gente por lá, mas ainda lembra dos quase cinco anos de obra parada. "Será que agora vai pra frente? Está na hora, estamos precisando. Essa promessa que não anda é muito ruim."
Pela calçada não é possível observar movimento de obra devido às grandes tendas montadas. Segundo um vigilante no local, atualmente está sendo feita apenas a "verificação do canteiro", não a construção de fato da linha.
Na travessa Mona Lisa, o local onde ficará a estação Freguesia do Ó tem recebido os primeiros reparos, segundo Alberto da Silva, 22. Ele é orientador de loja em uma farmácia do outro lado da rua e diz que busca informações sobre o que está acontecendo com um segurança do canteiro, que teria afirmado que a obra só começa mesmo em janeiro.
"Estão reformando a estrutura para recomeçar a obra. Ontem estavam pintando e têm medido sempre por aqui para ver se o chão não está afundando. Começamos a perguntar sobre porque vimos o movimento e ficamos curiosos."
RESPOSTA
Por telefone, a Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos, gestão João Doria (PSDB), disse que quem responderia seria a Acciona, empresa que adquiriu a concessão da linha 6-laranja.
Segundo a Acciona, empresa espanhola que adquiriu o direito de construção, manutenção e operação da linha, as obras foram retomadas oficialmente no dia 6 de outubro. A nota enviada, contudo, não especifica em que fase a construção se encontra no momento ou por que há estações em que os trabalhos não foram observados.
"O trabalho nas estações segue o cronograma estabelecido", afirma o texto enviado, sem detalhar o que ele determina.
"O Cronograma prevê aumento da frente de trabalho gradativamente e, até o final da obra, mais de 9 mil trabalhadores serão envolvidos na construção."
Sobre a situação das estações Brasilândia e Pacaembu, a nota diz que o trabalho de limpeza já foi iniciado.
Linha 6-laranja do metrô
Previsão de entrega em 2025
Estações
- Brasilândia
- Vila Cardoso
- Itaberaba
- João Paulo 1º
- Freguesia do Ó
- Santa Marina
- Água Branca
- Pompeia
- Perdizes
- Cardoso de Almeida
- Angélica-Pacaembu
- Higienópolis-Mackenzie
- 14 Bis
- Bela Vista
- São Joaquim
Interligação
- Linha 1-azul
- Linha 4-amarela
- Linhas 7-rubi e 8-diamante da CPTM
Atraso
- Obras tiveram início em 2015
- Previsão de entrega era para 2020
- Construção da linha está paralisada desde 2016
Investimento e dimensão da obra
- R$ 15 bilhões
- 15 estações
- 15,3 km de extensão
- Expectativa de atender mais de 630 mil passageiros diariamente
- Trecho será percorrido em 23 minutos
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