Com as festas de fim de ano, as clássicas discussões sobre uva passa no arroz ou a preferência entre panetone e chocotone começam a aparecer. Para que a comida não se torne motivo de dor de cabeça, ou de estômago, é importante ficar atento aos sinais de saciedade do corpo e aproveitar sem exagerar.
“A ideia é manter uma vida equilibrada sempre. É óbvio que um dia ou outro a gente abusa, mas isso não pode ser uma constante”, afirma Tarissa Petry, endocrinologista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Ela exemplifica que, quando uma pessoa come mais do que precisa, a energia extra é estocada, principalmente, em forma de gordura abdominal, que é prejudicial para o corpo. As dietas restritivas que cortam grupos alimentares também podem trazer consequências negativas, como gerar compulsão alimentar.
Segundo Irene Coutinho de Macedo, nutricionista do CRN-3 (Conselho Regional de Nutricionistas da 3ª Região SP-MS), outro tipo de situação prejudicial é fazer jejum para comer mais na hora da ceia. “[Isso] expõe o corpo a um risco de deficiência de nutrientes”, afirma a profissional.
Irene diz que a pessoa pode ter perda de atenção, sensação de cansaço, indisposição em casos assim.
A nutricionista recomenda conversar, brincar e interagir com as pessoas durante as celebrações, sem focar somente a comida. Além disso, para evitar exageros, a nutricionista sugere prestar atenção nos sinais do corpo, como saciedade, fome e sede.
Tarissa complementa dizendo que é possível pegar um pouco de cada alimento, moderar na quantidade e manter o conforto emocional que a comida proporciona em comemorações.
No preparo, Irene e Tarissa recomendam que alimentos naturais sejam priorizados, como frutas, verduras e legumes. A endocrinologista sugere evitar produtos ultraprocessados, como embutidos, temperos e molhos prontos que costumam ter modificações que não são saudáveis.
A especialista reforça que é importante praticar atividade física, inclusive nas férias e no final de ano, para desintoxicar.
Cuidado com a bebida alcoólica
A endocrinologista Tarissa Petry, do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, afirma que apesar do consumo de bebidas alcoólicas ser muito aceito socialmente, há diversas consequências negativas para a saúde.
“Não é porque todo mundo bebe que é uma coisa legal ou saudável”, destaca. Ela explica que essas bebidas aumentam o risco de câncer, são calóricas e afetam até a glicemia de quem tem diabetes, por exemplo.
Petry recomenda comparar os prejuízos para a saúde com a eventual satisfação emocional que o álcool proporciona e lembra que o impacto no organismo depende de cada pessoa. A endocrinologista não recomenda que quem tem doenças crônicas ou gordura no fígado consuma álcool. De forma geral, ela não incentiva o consumo de álcool.
A nutricionista Irene Coutinho de Macedo destaca que conhecer os limites do corpo, como a sensação de mal-estar, é essencial, apesar de difícil devido ao “efeito do álcool no organismo que reduz a capacidade de decisão consciente”, diz.
Segundo a nutricionista, é necessário beber bastante água durante a festa e, também, no dia seguinte. O abuso no consumo de bebidas alcoólicas, seja pela quantidade ou mistura inadequada, pode levar à ressaca. Macedo explica que isso acontece porque a “intoxicação do álcool altera o funcionamento dos sistemas como o digestivo, hepático e nervoso”, assim, a pessoa tem sintomas como náusea e dor de cabeça.
VIVA BEM | Excessos nas festas de fim de ano
Equilíbrio
- Uma coisa é comer muito apenas na noite de Natal e outra é passar 15 dias exagerando
- No segundo caso, tentar “compensar” perdendo peso, por exemplo, pode ser um processo complicado
- Todo abuso gera impactos na saúde, por exemplo:
- Comer demais
Ao comer mais do que precisa, a energia extra é estocada em forma de gordura, principalmente abdominal
Este tipo de gordura é inflamatória e pode levar a doenças cardiovasculares, colesterol alto entre outros
Este processo inflamatório depende da genética da pessoa e de onde a gordura é “estocada” - Dietas exageradas
Já dietas restritivas (que defendem jejum e corte de calorias para emagrecer) também podem ter o efeito contrário
A restrição pode levar a uma compulsão alimentar, em que a pessoa busca comer de tudo assim que interrompe a dieta
A proibição gera uma ansiedade e vontade maior de consumir - Comemorar com fome
Não é recomendado fazer jejum antecipado para comer mais no momento da ceia
Isso pode prejudicar o corpo, gerando cansaço e indisposição
O ideal é manter uma vida equilibrada e uma alimentação saudável
Isso vale para antes, durante e depois das festas
Comemorações
- A comida está envolvida nas comemorações e gera um conforto emocional
- É importante saber dosar os hábitos sem prejudicar a vida social e a alegria
- Dessa forma, é possível comer mais do que salada na noite de Natal, por exemplo
- Ao mesmo tempo, não é preciso encher o estômago exageradamente
- Busque pegar um pouquinho de cada
- Preste atenção no que come, a sensação de saciedade é importante
- Beba água
- Não é preciso comer tudo de uma vez e nem mais do que suporta
- Além da ceia, costuma haver o almoço no dia seguinte
- Lembre que as festas não se resumem a comer ou beber, interaja com as pessoas
Prefira alimentos naturais
- Se puder, faça a comida da ceia de Natal ou festa de ano novo
- Prefira alimentos mais próximos do natural, como salsa e cebolinha para temperos
- Priorize frutas, legumes, verduras, carnes assadas, cereais, raízes e tubérculos
- Evite alimentos industrializados, como embutidos, molhos e temperos prontos
- Eles têm várias alterações na sua composição, como mais gorduras saturadas que não são saudáveis
Pessoas com doenças crônicas
- Quem tem diabetes, hipertensão, obesidade etc. também podem consumir, mas sem abusos
- A orientação é semelhante para pessoas que não tem doenças do tipo
- São casos com um “alerta” para manter os cuidados e não ultrapassar as medidas recomendadas
- A principal diferença é que caso a pessoa com doença crônica exagere, ela pode ter complicações maiores para a saúde
- Essas complicações podem ser agudas (imediatas) ou crônicas (com efeitos a longo prazo), por exemplo:
- Diabetes
Pessoa pode ter hiper ou hipoglicemia (desequilíbrios na quantidade de glicose)
Quando isso acontece, ela pode precisar de muitas semanas até que a situação seja “normalizada” e, dependendo do caso, internações - Hipertensão
O consumo elevado de sal em alimentos, como bacalhau e embutidos podem descompensar a doença
Um pico de hipertensão pode elevar o risco de infarto e acidente vascular cerebral (avc), por exemplo
Além disso, a pressão alta pode afetar rins e olhos
Idosos
- Os idosos também devem moderar no consumo de alimentos, principalmente de gordurosos e embutidos
- Neste caso, o funcionamento do corpo costuma ser mais lento
- Assim é possível que haja mais dificuldade no processo de digestão e ter situações como intestino preso
Bebidas alcoólicas
- Apesar de serem aceitas socialmente, têm vários malefícios para a saúde
- Em geral, são calóricas, aumentam o risco de tipos de câncer, afeta glicemia de quem tem diabetes etc.
- Antes de consumir, coloque em uma balança a importância do álcool para você e os malefícios para a saúde
- Não existe um consumo “adequado” ou mínimo
- Os efeitos variam conforme o organismo de cada pessoa
- Não é recomendado que pessoas com doenças crônicas ou gordura no fígado consumam bebidas alcoólicas
Ressaca
- O álcool consumido de forma exagerada altera o funcionamento dos órgãos do corpo e gera sintomas como dor de cabeça e mal-estar
- Cada pessoa é afetada de uma forma
- Durante as festas, busque moderar no consumo e conheça os limites do seu corpo
- Além disso, é importante beber bastante água
- No dia seguinte, continue bebendo água e repouse
- Evite alimentos gordurosos e, caso haja dor, consulte um médico
Fontes: Irene Coutinho de Macedo, nutricionista e conselheira do CRN-3 (Conselho Regional de Nutricionistas da 3ª Região SP-MS) e Tarissa Petry, endocrinologista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz
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