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Na primeira noite com 'toque de restrição', ambulantes atraem aglomerações em SP

Reportagem flagrou venda irregular de bebidas e lanches na região central da capital paulista e na zona leste, além de restaurantes e lanchonetes abertos

São Paulo

Na primeira noite do “toque de restrição” no estado de São Paulo, alguns restaurantes e carrinhos de lanche, na zona leste da capital paulista, atendiam normalmente clientes, inclusive com aglomerações, o que está proibido. A reportagem do Agora também encontrou jovens próximos e sem máscara de proteção na região central.

As novas restrições, anunciadas na quarta-feira (24) pelo governador João Doria (PSDB), entraram em vigor as 23h desta sexta e vão até 14 de março.

Entre as 23h e as 5h do dia seguinte, o governo estadual afirma que uma força-tarefa formada por Vigilância Sanitária, Polícia Militar e Procon vai apertar o cerco contra locais com aglomerações. A medida foi tomada por causa da alta de internações no estado, na rede pública e privada.

Por volta das 23h10, ou seja, no início da fiscalização, viaturas da GCM (Guarda Civil Metropolitana) e da Polícia Militar verificavam que todos os bares da rua Maria Antônia, em Higienópolis (região central) estavam fechados.

Porém, isso não impediu que dezenas de jovens se aglomerassem, todos sem máscara, para consumir bebidas comercializadas por um vendedor clandestino, que mantinha no porta-malas de um carro latas de cerveja em um isopor.

A reportagem tentou abordar dois casais no local, mas ambos, nitidamente embriagados, se negaram a falar. Uma jovem chegou a gritar com o jornalista do Agora, após o repórter se identificar.

Cerca de 20 minutos depois, na praça Sílvio Romero (zona leste), quase todos restaurantes e comércios estavam fechados.

Dezenas de carrinhos de lanches, porém, atendiam clientes normalmente. Próximo a dois deles, a reportagem contou 32 pessoas, perto umas das outras, sendo que somente duas usavam máscaras de proteção.

Uma viatura da PM circulava pela região, abordando os donos dos carrinhos, pedindo para que encerrassem o atendimento ao público. “Estou desde as 18h fazendo orientação na área, alertando para as pessoas cumprirem a determinação. Mas, como se vê, muitos não estão nem aí”, afirmou um dos policiais, em condição de anonimato.

Ele acrescentou se sentir prejudicado, pelo fato de estar impedido de atender a eventuais ocorrências, tendo que somente se empenhar em orientar pessoas que estão nas ruas, após as 23h.

Perto da praça, na rua Isidoro Tinoco, uma costelaria atendia clientes nos dois pisos do comércio.

Por volta das 23h40, a reportagem questionou se novos clientes poderiam ingressar no local. “Está podendo entrar só em casal”, explicou um garçom, sem saber que falava com jornalista.

A rua Coelho Lisboa, famoso ponto boêmio da zona leste, estava deserta perto da meia-noite. Entretanto, uma lanchonete que vende esfirras, na avenida Sapopemba, atendia a 16 clientes.

O caixa do estabelecimento afirmou que o atendimento iria ocorrer até por volta das 2h. “Mas vamos restringir um pouco, por causa do decreto do governo”, afirmou.

A 1h30, a reportagem flagrou jogadores de futebol disputando peladas em duas quadras da rua Humaitá, na Bela Vista (centro). Duas viaturas da PM passaram pelo local, mas não pararam. Um aviso sonoro nos carros da polícia pedia para as pessoas irem para casa.

Prisão

No início da tarde desta sexta, Doria afirmou que publicou um decreto que permitirá que a polícia prenda pessoas que desrespeitem o toque de restrição, a partir das 23h, se houver resistência.

"Eu quero registrar que hoje publicamos no Diário Oficial decreto que autoriza e regulamenta a fiscalização de aglomerações em nosso estado. O decreto concede à polícia, assim como a Vigilância Sanitária e ao Procon, todas as condições de uma força-tarefa para fiscalizar, multar promotores de eventos, festas ou atividades que gerem aglomeração. E atuar, se necessário e houver resistência, com a prisão daqueles que desrespeitarem o toque de restrição do governo do estado", disse.

Boletim divulgado na tarde desta quarta pela Secretaria Estadual da Saúde aponta que as taxas de ocupação dos leitos de UTI (Unidades de Terapia Intensiva) estão em 70,8% na Grande São Paulo e 70,4% no estado. Segundo a prefeitura, gestão Bruno Covas, na capital a taxa era de 66% nesta sexta. Mais de 15 mil pessoas estavam internadas em todo o estado com Covid-19.

O Agora mostrou nesta sexta-feira que hospitais municipais têm hoje praticamente o mesmo número de pessoas internadas com o novo coronavírus que no pico da pandemia no ano passado.

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