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Diferenças na quarentena dificultam entendimento das regras na Grande São Paulo

Cidades do ABC terão regras mais restritivas, enquanto o restante do estado terá 'toque de restrição'

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São Paulo

Com diferentes diretrizes para o endurecimento da quarentena, há áreas da Grande São Paulo em que o simples atravessar da rua pode trazer novas regras. Quem mora ou trabalha nessas regiões reclama da falta de padronização e, com tantas mudanças, acaba sem saber direito o que seguir.

É o caso, por exemplo, da avenida Assembleia, que divide Diadema e a região sul da capital. "Já não é todo mundo que obedece [as regras da quarentena], e com essa diferença fica ainda mais complicado", afirma a comerciante Fátima Nunes, 40. Ela, que até sexta (26) não tinha conhecimento das mudanças, tem uma loja de salgados na calçada diademense da via, mas mora a alguns quarteirões dali, na capital.

Junto de Santo André, São Bernardo do Campo e Mauá, Diadema é uma das cidades do ABC Paulista que decidiram implementar um lockdown noturno na região entre as 22h e as 4h a partir deste sábado (27) e até o dia 7 de março.

A medida é mais restritiva que a adotada desde sexta no restante do estado, que seguirá um “toque de restrição”. Entre as principais diferenças, de acordo com Paulo Serra (PSDB), prefeito de Santo André e presidente do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, estão uma hora a mais de fechamento, a suspensão do transporte público nesse período e a realização de bloqueios em vias de acesso às cidades e o reforço da fiscalização em locais já mapeados como pontos de aglomeração.

O atendente André Santana, 23, mora no limite de São Paulo e Diadema e vê a postura da cidade do ABC como a mais correta. "Quanto mais restringir a circulação de pessoas melhor." A técnica de Enfermagem Élica Danúbia, 30, concorda. "Com certeza precisa [endurecer a quarentena]. E, se as pessoas não respeitarem, a gente não vai chegar aonde quer."

Em outro ponto do ABC, na região de limite entre Santo André e São Caetano do Sul, a diferença também ocorre. São Caetano vai adotar as medidas do restante do estado. "Estou sabendo das diferenças só por cima", diz o estudante Lucas Gambini, 19. Para ele, o aumento das restrições está correto, mas deveria ser padronizado, especialmente para evitar confusão em quem mora em uma cidade, mas trabalha na outra, como é o caso dele.

Procuradas, a Secretaria Estadual da Saúde e a Secretaria de Segurança Pública informaram que vão atuar em conjunto com agentes municipais nas ações de fiscalização das medidas de restrição, mas não detalharam como será feita a diferenciação nas áreas limítrofes de municípios com regras diferentes.

Restrições são semelhantes, afirma presidente do Consórcio

Segundo Paulo Serra (PSDB), prefeito de Santo André e presidente do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, as cidades da região que não adotaram as regras mais restritivas o fizeram por ter atividade econômica e fluxo de pessoas menores. Ele afirma que, nas cidades que adotaram o lockdown, há mais de 70% da população do ABC.

"A gente tem feito um esforço para uniformizar as regras. Como não vem do governo do estado uniformizado, a gente tentou nas sete cidades, mas não foi possível." Ainda assim, ele afirma, o conceito de restrição de circulação de pessoas no período noturno é o mesmo em todas as sete cidades do ABC.

Paulo Serra afirma que a medida foi adotada porque foi observada uma mudança no perfil dos internados com Covid-19 na região: metade dos internados na região tem entre 20 e 49 anos. "É esse público que frequenta mais os estabelecimentos à noite. Claro que o vírus circula 24 horas por dia, mas se ele não encontra pessoas na rua, deixa de existir."

Serra afirma que, na quinta-feira (4), haverá uma nova reunião para avaliar o andamento dessas novas regras e os indicadores de saúde dos municípios. Se as medidas não estiverem surtindo o efeito desejado, segundo ele, a possibilidade de restringir ainda mais a quarentena no ABC não está descartada.

Como será em cada cidade

Santo André

  • Horário: entre as 21h e as 4h
  • O que pode funcionar: unidades de saúde e farmácias
  • Ônibus municipais deixam de circular as 22h
  • Entre 27/2 e 7/3

São Bernardo do Campo

  • Horário: entre as 22h e as 5h
  • O que pode funcionar: unidades de saúde e farmácias. Indústrias e centros de telecomunicações poderão operar, desde que os funcionários entrem antes das 22h e saiam depois das 5h
  • Ônibus municipais deixam de circular as 22h
  • Medida vale a partir de 27/2

São Caetano do Sul

  • A cidade irá seguir o decreto estadual, que prevê maior fiscalização a eventos com aglomerações das 23h às 5h, entre 26/2 e 14/3
  • Serviço de transporte público não terá alterações

Diadema

  • Horário: entre as 21h e as 5h
  • O que pode funcionar: unidades de saúde e farmácias
  • Ônibus municipais deixam de circular as 22h
  • - Medida vale entre 27/2 e 7/3

Mauá

  • Atividades comerciais têm de fechar até as 21h
  • Circulação de pessoas: restrita ente as 23h e as 4h
  • O que pode funcionar: unidades de saúde e farmácias
  • Ônibus municipais deixam de circular às 23h
  • Medida vale entre 27/2 e 7/3

Ribeirão Pires

  • A cidade irá seguir o decreto estadual, que prevê maior fiscalização a eventos com aglomerações das 23h às 5h, entre 26/2 e 14/3

Rio Grande da Serra

  • Atividades comerciais têm de fechar até as 21h
  • Circulação de pessoas: restrita ente as 22h e as 4h
  • O que pode funcionar: unidades de saúde e farmácias
  • Ônibus municipais deixam de circular as 22h
  • Medida vale entre 27/2 e 7/3


Fontes: prefeituras

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