A Polícia Civil de Campinas (93 km de SP) está ouvindo vizinhos e parentes do menino de 11 anos que era mantido pela família em um barril de lata, preso com correntes, no Jardim Itatiaia. A criança foi resgatada pela Polícia Militar no sábado passado (30) e está em um abrigo, desde esta quarta-feira (3), quando teve alta hospitalar, segundo o MP-SP (Ministério Público de São Paulo).
De acordo com a 1ª DDM (Delegacia de Defesa da Mulher), a atual fase de investigação busca descobrir por quanto tempo o menino foi mantido no barril de lata e foi vítima de maus-tratos pela família. Até o momento, a polícia estima que a criança ficou acorrentada no local por pelo menos um mês. “Mas o tempo pode ser maior”, afirmou um policial, em condição de anonimato.
Assim que a Polícia Civil acabar de ouvir as testemunhas, além de fazer diligências, irá concluir o inquérito e o encaminhar o caso ao Ministério Público. O prazo para isso não foi informado.
O pai do menino, um auxiliar de serviços gerais de 31 anos, sua mulher, uma faxineira, de 39, e a filha dela, uma vendedora de 22 anos, foram presos em flagrante por tortura, ainda no sábado. A Justiça determinou a prisão preventiva do trio, ou seja por tempo indeterminado, na tarde de segunda (1º). A defesa deles não foi localizada até a publicação desta reportagem.
Segundo a SAP (Secretaria da Administração Penitenciária), gestão João Doria (PSDB), as mulheres estão presas na Penitenciária Feminina 1 “Santa Maria Eufrásia Pelletir”, em Tremembé (147 km de SP), onde são mantidas detentas, suspeitas ou sentenciadas, por crimes envolvendo família, de grande repercussão, como Suzane Von Richthofen, condenada por arquitetar a morte dos pais, em outubro de 2002.
Já o pai do menino, segundo a pasta, está preso na Penitenciária 2 "Doutor José Augusto César Salgado", também em Tremembé.
A SAP afirmou seguir "todas as diretrizes" para garantir a integridade física de seus presos, "independente dos crimes cometidos por eles". "Todos [suspeitos de torturar o menino] estão no momento isolados nas respectivas unidades prisionais, como é procedimento padrão, que foi reforçado por causa da pandemia [da Covid-19] para evitar contaminação", disse a secretaria em nota.
Parentes do menino de 11 anos afirmam que estão recebendo ameaças, via mensagens de celular, desde a libertação do garoto pela Polícia Militar.
O MP-SP afirmou ter instaurado um procedimento pedindo informações sobre os atendimentos feitos ao menino e à sua família pelo Conselho Tutelar, especialmente em 2020, para verificar se eles foram realizados remotamente, em razão da pandemia da Covid-19, e sobre uma eventual suspensão de atendimentos presenciais à criança.
O conselheiro Moisés Sesion da Costa afirmou que se reuniu com a Promotoria, na terça-feira (2), da mesma forma que outros conselheiros que atuam na região da casa do menino, no Jardim Itatiaia. "Fizemos encaminhamentos sobre o caso. Tudo agora está com o MP", disse na ocasião, não entrando mais em detalhes.
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