Os prefeitos do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC decidiram nesta quinta-feira (18) solicitar ao governo estadual, sob a gestão de João Doria (PSDB), que promova o lockdown em toda a região metropolitana de São Paulo. O objetivo é frear a contaminação pelo novo coronavírus em toda a Grande SP, onde o sistema de saúde está próximo do colapso.
Segundo os prefeitos das sete cidades do ABC, municípios da região do Alto Tietê também aderiram ao apelo. Ao todo, 19 das 39 prefeituras da Grande São Paulo pedem que o governo estadual promova o confinamento da população por ao menos uma semana, paralise trens e ônibus intermunicipais, bem como auxilie na fiscalização e no cumprimento da medida com o apoio da PM e dos órgãos de vigilância estaduais.
“Só é possível implementar um lockdown com envolvimento e ação direta do governo estadual. Até pelo fato de que nós temos uma dependência em relação à capital. Não há como implementar sem a capital embarcar, e sem que o governo estadual adote alguma posição em relação a isso”, disse o presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, o prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB).
Nesta quinta, o prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), afirmou que seria inviável implantar um lockdown na cidade, porque há milhares de vias compartilhadas diretamente com outros municípios da Grande SP. Também disse que conta com 1.000 integrantes da GCM (Guarda Civil Metropolitana) para promover a fiscalização em toda a capital.
Segundo Serra, a ideia seria promover o confinamento a partir de segunda-feira (22) até o domingo seguinte (28). “Após a tomada de decisão, 72 horas seria o tempo necessário para implantar”, afirmou.
O presidente do Consórcio Intermunicipal do ABC também disse que a situação da região metropolitana é completamente diferente daquela vivida por cidades do interior como Araraquara (273 km de SP) e Ribeirão Preto (301 km de SP), que implantaram o confinamento. “Não estamos isolados da capital. São muitas cidades grandes e conectadas, diferente do que ocorre no interior”, explicou Serra.
O representante dos municípios do ABC ressaltou também que sempre foi contrário ao lockdown, mas que o estágio atual da pandemia é único. "Vivemos um momento de exceção, de guerra", disse.
Serra também afirmou que, em Santo André, o sistema de saúde ainda não colapsou, mas o aumento na velocidade de contaminação e na gravidade dos casos é muito preocupante. “Em relação ao ano passado, não é o mesmo vírus do ponto de vista da sua agressividade. Temos agora crianças internadas, coisa que não tínhamos. Não tivemos nenhuma internação abaixo dos 10 anos de idade em 2020 e agora temos”, disse.
Governo estadual
Questionado sobre o apelo, o governo estadual afirmou ter a disponibilidade para o diálogo permanente e apoio aos prefeitos dos 645 municípios. "O Plano São Paulo prevê integral autonomia para que prefeitos adotem medidas mais restritivas do que as normas estabelecidas pelo Estado", disse, em nota.
Segundo a gestão Doria, as administrações municipais podem, a qualquer tempo, ampliar restrições de circulação e demais medidas da quarentena, sem depender de norma editada pelo estado, de acordo com o cenário local de evolução da pandemia. "A medida já foi adotada por municípios como Araraquara, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto, com apoio do Governo de SP", afirmou.
O governo estadual disse também que, desde o início da pandemia, a Polícia Militar e a Vigilância Sanitária apoiam e acompanham as ações de fiscalização promovidas pelas prefeituras, "de forma a resguardar o cumprimento das normas previstas nos decretos estaduais e municipais".
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.