O megaferiado criado pelo prefeito Bruno Covas (PSDB) para diminuir a circulação de pessoas na capital paulista provocou uma redução de 32,8% na média diária de passageiros transportados nos ônibus municipais da cidade. A comparação é feita com o período em que o município não estava na fase emergencial do Plano São Paulo. Em contrapartida, a iniciativa pouco alterou a taxa de isolamento social.
Nos dias do megaferiado (26, 29, 30 e 31 de março e 1º de abril), a média diária de pessoas no ônibus foi de 1,238 milhão, segundo a SPTrans. Considerando os dez primeiros dias úteis de março, quando a cidade não estava na fase emergencial, a média diária foi de 1,842 milhão. Em números absolutos, a queda foi de 604 mil passageiros.
Na comparação com a primeira semana útil do mês (de 1º a 5 de março), a queda foi ainda maior, de 37,8%. Na ocasião, a cidade ainda estava na bandeira laranja do Plano São Paulo de combate ao coronavírus, com menos restrições ao funcionamento do comércio e à circulação de pessoas. A etapa vermelha entrou em vigor no dia 6 de março e a fase emergencial começou no dia 15.
Mesmo com redução no número de passageiros, a SPTrans afirma que, desde o início da pandemia, a frota de ônibus oferecida à população tem sido superior à demanda para evitar superlotação. "No momento, a frota está mantida em 93,34% nos bairros mais afastados do centro e em 88,25% em toda a cidade, para uma demanda de menos da metade", diz a autarquia.
Em entrevista concedida à "GloboNews" na manhã desta segunda-feira (5), o secretário municipal de Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, afirmou que os reflexos do megaferiado no sistema de saúde só começarão a ser sentidos daqui dez a 15 dias. "Teremos ainda um mês de abril bastante tenso no sistema de saúde aqui na capital", alertou.
A Secretaria de Transportes Metropolitanos, responsável pelo Metrô e pela CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) afirma que trabalha com a chamada Operação Monitorada desde o início da pandemia e que "atua com avaliação sistemática a cada faixa de horário, para atender a necessidade do cidadão".
"Lembrando que o sistema de trilhos foi projetado e construído para transportar alto fluxo de pessoas da origem ao destino, aglomerado de pessoas em grandes escalas", afirma a secretaria, da gestão João Doria (PSDB), que garante não ter havido alteração de frota ou de horário na fase emergencial.
"Nas últimas semanas tivemos uma queda média de 10% em comparação com as anteriores. Em março de 2020, a demanda chegou a cair 80% de um dia normal e na última semana (29/03 a 02/04) a queda média foi de 69% entre as três empresas - Metrô, CPTM e EMTU [Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos], que antes da pandemia transportavam cerca de 10,5 milhões de passageiros por dia", acrescenta a pasta.
Taxa de isolamento
Apesar da queda no número de pessoas nos ônibus, as taxas de isolamento social na capital paulista se mantiveram estáveis ao longo do feriadão. Comparando o período entre os dias 22 e 25 (segunda a quinta-feira) com o período de 29 de março a a 1º de abril, os índices na cidade de São Paulo tiveram uma oscilação de, no máximo, 2 pontos percentuais.
Na comparação do dia 26 com o último dia 2 (Sexta-Feira Santa), a taxa de isolamento passou de 42% para 47%.
No estado, também houve estabilidade nos índices, chegando ao máximo de 51% de isolamento nos dias 28 de março e 4 de abril (ambos caíram no domingo). O percentual, entretanto, ainda é inferior ao recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para conter o coronavírus, entre 60% e 70%.
Trânsito
Também houve redução nos índices de lentidão no trânsito durante o feriadão na capital paulista, segundo dados da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). Na semana passada, os picos foram atingidos na quinta (1º) e na sexta (2): 18 km. Na semana anterior, a maior lentidão foi no dia 25 (uma quinta-feira), de 32 km.
O maior índice de lentidão alcançado em março deste ano foi de 87 km, registrado no dia 5, uma sexta-feira.
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