A auxiliar de serviços gerais Roseli Dias Bispo, 46 anos, que morreu na Santa Casa de São Paulo, para onde foi encaminhada após ser ferida a marretadas, por volta das 5h desta segunda-feira (26), em um vagão do metrô, usava a linha 1-azul havia cerca de cinco anos para ir trabalhar.
Ela foi atacada sem motivo aparente por um aposentado, de 55 anos. A prisão preventiva do homem, que está internado foi decretada pelo TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), nesta terça-feira (27). A defesa dele não havia sido localizada até a publicação desta reportagem.
O irmão de Roseli, o técnico em manutenção do trabalho José Dias Bispo, 62, afirmou ao Agora que a mulher usava a linha diariamente, saindo do bairro Vila Missionária, na região da Cidade Ademar (zona sul), até o centro, onde trabalhava em uma loja de tecidos.
“Ela era uma pessoa muito contida, quieta, discreta. Ia de casa para o trabalho e do trabalho para casa, onde gostava de assistir a televisão no tempo livre”, afirmou.
De acordo com a polícia, Roseli foi atingida “por várias marretadas” pelo aposentado, quando eles estavam em um trem que havia acabado de parar na estação Sé e seguiria sentido Tucuruvi, na linha 1-azul do metrô. A marreta teria sido tirada de uma mochila.
O suspeito foi agredido em seguida por passageiros, também segundo a polícia, até a chegada de seguranças, sendo levado em seguida para o mesmo hospital que a vítima, onde ele permanecia internado até a publicação desta reportagem, sob escolta policial. O homem foi indiciado por homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e à traição.
À polícia, o aposentado afirmou fazer uso de medicamentos controlados e que “ouviu vozes” que o incitaram a atacar a vítima, com a qual nunca havia mantido qualquer tipo de contato.
Segundo a Polícia Civil, o suspeito já foi indiciado em outras três ocasiões, também por homicídio, em 1993, 1996 e 2005.
O Metrô afirmou que o agressor foi contido por seguranças, acrescentando que a circulação “foi normalizada em seguida”.
Para a realização de perícia, o trem onde ocorreu o crime foi encaminhado ainda na segunda ao pátio do Jabaquara (zona sul).
A polícia determinou à companhia o envio de eventuais imagens que possam ajudar na investigação.
Encontro em família
A última vez em que Roseli se encontrou com seu irmão foi na virada do ano, segundo ele. Desde então, eles não se viram mais pessoalmente. “Na correria do dia a dia, nem por mensagens dava para a gente falar. Esse crime gratuito que fizeram com ela deixou todos abalados”, afirmou.
A mulher deixou dois filhos e seis netos e seu enterro está marcado para as 8h desta quarta-feira (28), no Cemitério Sâo Luiz (zona sul).
Dados da SSP (Secretaria da Segurança Pública), gestão João Doria (PSDB), referentes ao primeiro trimestre deste ano, indicam que ao menos 20 mulheres foram assassinadas na capital paulista. Durante o mesmo período, em todo o estado, foram 101 casos de assassinatos de mulheres.
Em nota enviada nesta terça a pasta afirma que o suspeito, assim que tiver alta hospitalar, "será encaminhado à unidade policial para posterior encaminhamento ao sistema carcerário."
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