Pandemia derruba expectativa de vida em SP pela primeira vez em 81 anos

Esperança de vida ao nascer em 2020 ficou em 75,4 anos, um ano a menos do registrado em 2019, diz Fundação Seade

São Paulo

A pandemia do novo coronavírus, que já tirou a vida de 89,4 mil pessoas no estado de São Paulo em pouco mais de 13 meses, fez cair em um ano a expectativa de vida dos paulistas. Agora, a vida média de alguém que nasce no estado de São Paulo é de chegar aos 75,4 anos, um ano a menos do registrado em 2019, que era de 76,4 anos.

Os dados constam da pesquisa divulgada pela Fundação Seade nesta terça-feira (20).

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Idosos enfrentam fila para tomar vacina contra a Covid-19 na UBS Cidade Satélite Santa Bárbara, em São Mateus, na zona leste de São Paulo - Havolene Valinhos/16.abril.2021/Folhapress

Segundo o estudo, o rápido aumento dos níveis de mortalidade com a expansão da pandemia de Covid-19 em todo o território paulista afetou diretamente os padrões demográficos de longevidade conquistados até então. Com isso, houve um retrocesso que levou o patamar de vida média ao mesmo nível registrado há oito anos, em 2012.

“Essa foi a primeira vez, desde o início da série histórica, em 1940, que houve queda no aumento da esperança de vida”, afirmou o demógrafo da Fundação Seade, Carlos Eugenio Ferreira, um dos autores do estudo.

Ele explica que o fator de maior peso no cálculo de estimativa de vida média que levou a queda histórica foi a quantidade de mortes. Em 2020 a média de mortes foi de 12%, índice mais de cinco vezes superior ao de 2019, quando a taxa média foi de 1,8%.

Esse desempenho foi puxado para cima devido a alta taxa de mortes por grupo 100 mil pessoas de 30 anos a 59 anos de idade (que passaram de 3,4 para 3,9). Nos mais idosos, esse salto foi mais acentuado: a taxa passou de 15 para 17,2 entre pessoas 60 a 69 anos, e de 33,2 para 38 por mil de 70 anos a 79 anos. No acumulado, os mais idosos são as principais vítimas da Covid-19.

Segundo Ferreira, outro dado que chama atenção dos pesquisadores é o aumento da diferença de expectativa de vida entre homens e mulheres no estado. Entre as mulheres a vida média caiu de 79,4 anos para 78,7 anos, com perda de 0,7 ano. Entre os homens a queda foi maior, de 1,3 ano (de 73,3 anos passou para 72 anos).

Isso fez que a diferença entre os dois, que havia reduzido para o menor patamar em 2019, com 6,1 anos, agora fique em 6,7 anos. Esse intervalo entre os dois vinha apresentando queda desde 2000, quando foi anotada uma diferença de expectativa de vida entre homens e mulheres de nove anos.

Projeção

Embora ainda seja cedo para ter a certeza, Ferreira afirma que a situação poderá se repetir na pesquisa de 2022, que retratará dos dados deste ano. "Pode até ser que venhamos a ter uma situação mais impactante ainda. Tudo vai depender do que ocorrerá a partir do segundo semestre, porém, já temos um grande volume de mortes até agora", afirmou.

Expectativa de vida

1940 45,4 anos
1950 54,2 anos
1960 61,2 anos
1970 62,6 anos
1980 66,7 anos
1990 69,2 a nos
2000 71,6 anos
2010 75 anos
2020 75,4 anos

Fonte: Fundação Seade

Erramos: o texto foi alterado

Ao contrário do que informava a edição anterior deste texto, a diferença de expectativa de vida entre homens e mulheres no estado aumentou. Foi de 6,1 para 6,7 anos. O texto foi corrigido.

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