Crise. Prejuízo. Pasmaceira.
É o vírus destruindo a economia.
O sr. Agostinho acendeu um cigarro.
—No meu ramo, então…
Vestidos de noiva.
—Quem quer casar numa hora dessas?
Várias lojas na rua já tinham fechado.
—Mas eu tento resistir.
Vendas online podem ser uma solução.
Ele mostrava outras opções de consumo.
—No espírito de sex-shop.
Fantasias. Fetiches. Novidades.
—Este aqui é o vestido de noivo.
O tédio também pode atingir um casal gay.
—O boy vira princesa Diana.
Outros fetiches podiam ser atendidos.
—Noiva em couro branco. Ou borracha.
Agostinho suspirou..
—Falta casamento… mas o sexo sempre curte um reforço.
A noite ia caindo com um sopro frio.
Agostinho apagou as luzes do estúdio.
Os manequins restavam imóveis em seus vestidos.
—Estranho… que escuridão.
Tons de negro cobriram as vestimentas nupciais.
Fotos de noivas felizes envelheceram de repente.
—Caramba. Essa aqui ficou a cara da tia Núbia.
A visão se dissipou.
Dando a Agostinho uma nova ideia de negócios.
—Moda viúva. Bem retrô.
Com o Covid, ele confia no sucesso.
A esperança sempre foi verde.
Mas, por vezes, se veste de preto.
Voltaire de Souza: Dentro da moda
Voltaire de Souza
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