Voltaire de Souza: Firme e forte

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Voltaire de Souza

Missas. Cultos. Celebrações.
O tema é polêmico.
O vírus não perdoa.
Será que rezar adianta?
Hóstia ou vacina? Salmo ou intubação?
O país se divide.
O Supremo Tribunal decide.
O pastor Robertinho não se preocupava muito.
—Minha comunidade continua firme.
Para ele, quarentena não fazia sentido.
—O presidente Bolsonaro protege a gente.
E Deus?
—Ah, esse está acima de tudo.
O líder evangélico dava seu depoimento.
—Ninguém da minha igreja morreu de Covid.
Ele tinha uma coleção de atestados de óbito.
—Infelizmente, o forte aqui é fuzilamento.
Milícias. Traficantes. Policiais.
—Injeção aqui, só de chumbo.
Com o crescimento da pandemia, contudo, a pressão aumenta.
—Só falta a polícia fechar o templo.
Ele ligou o celular.
—Guto? Daria para me encontrar essa noite?
A reunião foi num cassino clandestino.
—Pode contar com a gente, pastor.
O chefe do tráfico local garante.
—Chegou polícia, a gente passa fogo.
Com o miliciano João Carlos, a conversa foi no dia seguinte.
—Faço a segurança também. Na base do rodízio.
A fé, como as vacinas, pode operar milagres.
Mas uma semiautomática age mais depressa.

Jovem negro, em vestes de pastor, segura e lê uma bíblia aberta, de capa preta.
O vírus não perdoa. Será que rezar adianta? - Pexels
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