Vermelho. Redondinho. Espinhento.
É o coronavírus.
Lisâneo conferia no computador.
Será que é assim mesmo?
Representações artísticas ajudam na compreensão do público.
A namorada de Lisâneo se chamava Adrielly.
—Vendo assim... parece até fofinho.
—É mesmo...
Lisâneo ficou pensando.
—Quem sabe a gente tira uma graninha disso aí.
—Como assim, Lisâneo?
—A sua mãe, Adrielly. Podia ajudar.
—Com o tricô?
O casal estava em sintonia.
Gorrinhos vermelhos. Para bebês e crianças danadinhas.
—A gente põe uns chifrinhos...
—E fica que nem o vírus.
O sonho ia longe.
—Pode ser bem lucrativo.
—Afinal, quem está ligando para o Covid?
—O brasileiro é brincalhão por natureza.
—E o Bolsonaro já falou...
—Nada de pânico.
—Fraldinha verde e amarela.
—Brasil. O filho teu não foge à luta.
Ele foi procurar na internet a encomenda de lã vermelha.
Uma imagem conhecida apareceu na tela.
—Companheiro. Larga essa besteira.
Era o ex-presidente Lula.
Vermelho. Redondinho. Espinhento.
E nada a fim de brincadeira.
O quadro político, por vezes, é como vírus.
Sofre sempre mutações.
Voltaire de Souza
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