Descrição de chapéu dia do trabalho

Confira cinco filmes com trabalhadoras memoráveis

No cinema, personagens lutam por melhores condições de trabalho e igualdade salarial e contra o assédio

A atriz Sally Field em cena de "Norma Rae"
A atriz Sally Field em uma das principais cenas de "Norma Rae" (1979) - Divulgação
São Paulo

Norma, Créo, Sandra, Josey, Raimunda e Marfa. São muitas as trabalhadoras que tiveram suas vidas retratadas no cinema, seja em uma fábrica no sul dos EUA, nos campos da Rússia ou nas cidades do Brasil.

Para celebrar o 1º de Maio, Dia do Trabalho, a coluna sugere cinco filmes com trabalhadoras memoráveis.

São histórias de lutas por melhores condições de trabalho, contra o assédio e por igualdade salarial, como nos longas “Norma Rae”, “Terra Fria” e “Revolução em Dagenham”. E também da busca do desenvolvimento de sua comunidade, em “Velho e Novo”, e da manutenção do emprego e da dignidade, como em “Dois Dias, Uma Noite”.

E, por fim, as histórias tão brasileiras das empregadas domésticas, presentes em muitos lares do país, mas nem sempre vistas e reconhecidas por seu trabalho.

Os preços e a disponibilidade nos serviços de streaming foram pesquisados no dia 29 de abril.

Sally Field and Barbara Baxley in Norma Rae (1979)
Sally Field (à esq.) como Norma Rae e Barbara Baxley como Leona, mãe da personagem-título do filme, em cena na fábrica - Divulgação

NORMA RAE (1979)
Vivida pela atriz Sally Field, a personagem título deste longa é uma operária de uma fábrica têxtil, em uma cidade do sul conservador dos Estados Unidos. Assim como muitos da localidade, ela seguiu a profissão dos pais, que também trabalham no local.

O serviço é extenuante, muitas vezes insalubre, a empresa cobra rapidez, controla intervalos e paga muito pouco.

Norma leva a vida entre a fábrica, o cuidado dos filhos (é mãe solteira) e encontros amorosos. Mas a chegada do sindicalista Ruben à cidade desperta em Norma a vontade de ser ouvida e de mudar as condições de trabalho. Ela se engaja na campanha de sindicalização dos trabalhadores da fábrica, a única da região em que o “union” (sindicato, em inglês) não pode entrar.

Logo a pressão contra se faz sentir, tendo como ingredientes o machismo e o racismo. A vida particular de Norma é questionada, como se o fato de ela ser mãe solteira, ter saído com vários homens, a desmerecesse e tivesse relação com a campanha sindical.

E a empresa incita o racismo no chão da fábrica, pois muitos dos operários negros são pró-sindicalização. Em resumo, “Norma Rae” é um filme atualíssimo, com temas urgentes ainda hoje na sociedade.

A personagem foi inspirada na sindicalista Crystal Lee Sutton, que liderou uma campanha de organização dos trabalhadores têxteis na Carolina do Norte. No filme, alguns eventos reais foram recriados.

Entre eles, a sequência em que Norma, indignada com a conduta da empresa, exibe uma placa escrito “Union” aos colegas, que em resposta desligam as máquinas. Pela interpretação da sindicalista, Sally Field ganhou o Oscar de melhor atriz em 1980. O longa também faturou a estatueta de canção, por “It Goes Like It Goes”.

ONDE VER
Telecine Play: grátis para assinantes

As atrizes Charlize Theron (à dir.) e Frances McDormand são duas mineiras no filme "Terra Fria" (2005) - Divulgação

TERRA FRIA (2005)
Também inspirado em uma história real, “Terra Fria” retrata o primeiro caso de assédio sexual coletivo reconhecido pela Justiça dos EUA, em 1984. No longa, Charlize Theron é Josey, uma das mulheres que trabalham em uma mina onde a maioria dos operários é homem.

Consideradas intrusas naquele ambiente, elas sofrem toda forma de assédio moral e sexual, sob as vistas grossas da mineradora: encontram xingamentos escritos nas paredes do vestiário, são apalpadas e atacadas pelos “colegas” e encontram, em seus armários, suas roupas sujas com ejaculação.

E como em “Norma Rae”, no julgamento da ação contra a empresa, a vida particular e sexual de Josey é questionada. Como sempre, mais uma tentativa de desmerecer a vítima.

ONDE VER
Apple TV: R$ 7,90 (aluguel) e R$ 19,90 (compra). Google Play: R$ 7,90 (aluguel) e R$ 19,90 (compra)

A atriz Marion Cotillard (à dir.) como Sandra em cena do filme "Dois Dias Uma Noite" (2014) - Divulgação

DOIS DIAS, UMA NOITE (2014)
O título deste filme dos irmãos belgas Dardenne, conhecidos por seu cinema humanista, é o exato tempo que a operária Sandra (Marion Cotillard) tem para garantir seu emprego.

Ao voltar ao trabalho após um afastamento por depressão, ela descobre que seus 16 colegas optaram por um bônus de mil euros em troca da sua vaga. O chefe de Sandra diz a ela que, se convencer os outros operários a abdicarem do bônus, ela terá o emprego de volta.

Sandra tem um fim de semana para isso. Ela começa uma peregrinação de casa em casa. E a cada batida na porta, surge a pergunta: há espaço para a solidariedade nos dias de hoje?

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Apple TV: R$ 9,90 (aluguel)
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Cena de "Domésticas, o Filme", baseado na peça homônima de Renata Melo, sob direção de Fernando Meirelles e Nando Olival - Divulgação

DOMÉSTICAS (2001)
Estreia de Fernando Meirelles na direção de um longa, a comédia “Domésticas” é baseada na peça teatral homônima de Renata Melo, sucesso no final dos anos 1990.

A partir de entrevistas com empregadas domésticas, Renata fez um panorama do cotidiano, dos sonhos e das frustrações dessas mulheres que trabalham nos lares brasilieors e muitas vezes são invisíveis.

No filme, seguimos o dia a dia de cinco empregadas, Cida, Roxane, Quitéria, Raimunda e Créo. O tom é de comédia, sem deixar de lado temas como preconceito e violência. Tudo embalado pela música brega de Amado Batista, Jane e Herondy e Waldick Soriano.

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Belas Artes à La Carte: grátis para assinantes
Apple TV: R$ 4,90 (aluguel) e R$ 9,90 (compra)
Google Play: R$ 6,90 (aluguel) e R$ 19,90 (compra)

Cena do filme "Velho e Novo", de Sergei Eisenstein
A camponesa Marfa (à frente), em cena do filme "Velho e Novo" (1929), de Sergei Eisenstein - Divulgação

VELHO E NOVO (1929)
A camponesa Marfa é o motor deste clássico mudo do diretor e mestre da montagem Sergei Eisenstein, em que ele novamente faz experimentações na edição.

Ela vive em uma comunidade rural no interior da Rússia, nos anos 1920, no início da Revolução Russa. Cansada da pobreza e de não ter nem um cavalo para arar a terra, ela, ao lado de poucos moradores da localidade, adere à criação de uma cooperativa.

A ideia é deixar de lado os modelos antigos de cultivo e de criação de animais, dando espaço à mecanização do trabalho diário no campo.

Diante dos bons resultados, a adesão à cooperativa cresce, surgem problemas, como integrantes desviando dinheiro e a morte de alguns animais. Mas o que não muda é a inabalável crença de Marfa neste novo modo de vida.

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Cena do filme "Revolução em Dagenham"
Cena do filme "Revolução em Dagenham", sobre uma greve de operárias da Ford nos anos 1960 - Divulgação

REVOLUÇÃO EM DAGENHAM (2010)
Este longa se inspira em uma greve histórica realizada por 187 operárias em 1968, em Dagenham, na Inglaterra. Funcionárias da área de costura da Ford, elas protestavam contra a discriminação sexual e pediam igualdade salarial.

Afinal, faziam o mesmo trabalho dos homens e recebiam menos por isso. No filme, são lideradas pela operária Rita (Sally Hawkins). A paralisação se estendeu por dias e foi decisiva para, dois anos depois, o Parlamento britânico aprovar o Projeto de Paridade Salarial.

ONDE VER
Apple TV: R$ 9,90 (aluguel) e R$ 24,90 (compra)
Google Play: R$ 5,90 (aluguel) e R$ 19,90 (compra)
Microsoft Store: R$ 7,90 (aluguel) e R$ 22,90 (compra)

Hanuska Bertoia
Hanuska Bertoia

49 anos, é formada e pós-graduada em jornalismo. Gosta de ver filmes em qualquer plataforma (TV, celular, tablet), mas não dispensa uma sala de cinema tradicional.

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