Dados apresentados nesta quarta-feira (19) pelo Centro de Contingência do estado de São Paulo indicam que a participação nas internações de pacientes graves por Covid-19 caíram 43% entre pessoas com 70 anos ou mais. Por outro lado, elas subiram 25,9% entre pessoas com menos de 69 anos de idade.
Segundo os dados, em janeiro deste ano, pessoas com 70 anos representavam 37,5% do total de internações em leitos de UTI, e agora somam 21,3%, o que corresponde a uma queda de 43% neste indicador.
Por outro lado, as internações de pessoas com menos de 69 anos, que era de 62,6% em janeiro, chegam agora a 78,6%. Neste caso, houve uma evolução de 25,9%.
"Em UTIs, as pessoas com mais de 70 anos representavam mais de um terço dos internados (37%) e, em abril, já passou para 21%, redução de 43%”, falou Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contingência do coronavírus, durante entrevista coletiva nesta terça-feira no Palácio dos Bandeirantes, onde foram anunciados novos grupos para imunização contra a Covid-19 e ampliação do limite de clientes que o comércio poderá receber a partir da próxima segunda-feira (24).
Para Menezes, a redução do número de internações entre idosos é reflexo da vacinação. "Iniciamos a vacinação de idosos acima de 90 anos em meados de janeiro e já podemos ver como progressivamente eles passam de 3,1% para 0,9% do total de internações", disse Menezes.
Ainda segundo o coordenador, a expectativa é que o avanço da vacinação para grupos prioritários force a uma nova queda nas próximas semanas.
"Agora temos idosos entre 60 e 69 anos sendo vacinados e pessoas acima de 55 anos com comorbidades tomando a primeira dose, que representam quase 50% do total de internações hoje. Nossa expectativa é que, nas próximas semanas, começaremos a ver o impacto disso [da vacinação] na redução dessas internações", disse Menezes.
Os dados indicam que a maior redução de internações foi de pessoas de 80 anos a 89 anos. Em janeiro, essa faixa etária representava 12,7% das internações, número que agora é de 4,7%, numa retração de 66,6%. Na outra ponta, entre os mais jovens, pessoas de 20 anos a 49 anos respondiam por 19,8% do total de internações, soma que agora é de 29% —aumento de 46%.
Segundo a média Mônica Levi, diretora da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), a vacina tem efeitos não somente na queda de internações mas também na taxa de mortalidade de pessoas com 80 anos ou mais.
Um deles é um estudo pré-print (ainda não revisado pelos pares), que indicou que as mortes de idosos acima de 80 anos caíram pela metade no Brasil após o início da vacinação, em janeiro de 2021.
Publicado no início deste mês, o estudo é fruto de uma parceria entre pesquisadores da UFpel (Universidade Federal de Pelotas) e do Departament of Global Health and Population da Harvard T.H. Chan School of Public Health (escola de saúde pública de Harvard), nos Estados Unidos.
Segundo análise do epidemiologista Cesar Victora, da UFpel, coordenador do estudo, a redução observada corresponde a cerca de 13,8 mil vidas salvas de pessoas nessas faixas etárias em todo o país em um intervalo de oito semanas de 2021.
Em relação aos jovens, a diretora da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações) afirma que eles estão vivendo uma vida quase normal. “As pessoas mais jovens estão com uma vida quase normal, aglomerando, festejando. Claro que não podemos generalizar, já que muitos saem apenas para o essencial”, afirmou Mônica Levi.
Projeções
Dados apresentados por Paulo Menezes, do Centro de Contingência, os indicadores mostram que a contaminação permanece alta. “Importante ressaltar que ainda temos uma transmissão alta do vírus como mostram os indicadores por 100 mil. Semana passada tínhamos 376 casos por 100 mil, e agora temos 380 casos por 100 mil”, disse.
João Gabbardo, coordenador-executivo do Centro de Contingência do Coronavírus, o estado de São Paulo conviverá com altos índices de pandemia até ao menos o mês de junho.
“Temos hoje cerca de 12 mil pessoas internadas em enfermaria. No pico, na pior fase, nós tínhamos 18 mil pessoas. É possível que dentro das próximas 2 ou 3 semanas a gente possa chegar a até 13 mil pessoas internadas. Hoje temos em torno de 10 mil pessoas internadas em leitos de UTI. Tivemos no período mais dramático, 13 mil pessoas em leitos de UTI. Estamos projetando até no máximo as próximas quatro semanas chegar a 11 mil pessoas internadas em leitos de UTI", disse.
Para Mônica Levi, a projeção é uma forma dos integrantes do Centro de Contingência se precaverem na eventualidade da confirmação de uma terceira onda, alerta que é feito por diversos epidemiologistas.
Ainda segundo a diretora do SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), a lentidão na vacinação aliada a regras menos restritivas podem reforçar os efeitos de uma terceira onda da doença.
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