Donos de pets passam madrugada em fila para atendimento veterinário público em SP

Na manhã desta sexta-feira (13), cerca de 80 pessoas aguardavam a liberação de 30 senhas de atendimento na zona leste da capital

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Gabriela Bonin Rivaldo Gomes
São Paulo

Donos de cães e gatos enfrentaram fila e frio para conseguir atendimento gratuito no hospital veterinário público do Tatuapé, zona leste de São Paulo, na madrugada desta sexta-feira (13). Próximo às 6h, cerca de 80 pessoas estavam na calçada da avenida Salim Farah Maluf aguardando a distribuição de senhas para o atendimento, que é limitado.

Ao todo, 30 senhas são oferecidas diariamente mediante ordem de chegada e, segundo a Prefeitura de São Paulo, todos os casos de urgência e emergência são atendidos sem a necessidade de senha.

Os serviços no hospital incluem consultas, cirurgias, exames laboratoriais e internação, somente para gatos e cachorros. No total, são sete especialidades: oftalmologia, cardiologia, endocrinologia, neurologia, oncologia, ortopedia e odontologia, de acordo com a Cosap (Coordenadoria de Saúde e Proteção ao Animal Doméstico).

Para atendimentos sem urgência, a retirada das senhas começa às 6h30 e muitos entram na fila durante a madrugada para conseguir assistência aos animais domésticos.

Donos de pets enfrentam fila durante a madrugada para conseguir atendimento gratuito no hospital veterinário publico do Tatuapé, na zona leste de São Paulo. - Rivaldo Gomes/Folhapress

"Cheguei lá 1h40 e peguei a 18ª senha", conta o empresário Everson Ribeiro Martins, 49. "Havia 17 pessoas na minha frente, porque tem gente que chega às 23h."

Martins trazia sua cadela, Baby, uma labradora que precisa de tratamento contra câncer. Ele conta que tentou ser atendido no hospital vetereinário na terça-feira (10), mas, por ter chegado por volta das 5h, acabou não conseguindo e retornou nesta sexta-feira.

"Lá dentro, depois que você consegue a senha, o pessoal é muito atencioso. Dá para ver que gostam muito de animais", afirma o empresário. Segundo ele, os veterinários fizeram um exame de sangue em Baby e marcaram um retorno no final do mês para passar com o oncologista, com horário marcado e sem necessidade de pegar a fila novamente.

Pela manhã, quem não consegue senha passa por uma triagem feita pelos médicos veterinários, que avaliam se o caso é de urgência ou emergência. Se sim, o animal pode ser atendido mesmo com as senhas esgotadas, já que os atendimentos do restante do dia ficam restritos a situações emergenciais.

A tosadora Bruna Tenório Cavalcanti, 29, entrou na fila às 4h em busca de atendimento para sua cadela, Pandora, mas não teve sucesso. A pinscher está com a boca inflamada e precisa de um procedimento de limpeza de tártaro para verificar a situação dos dentes e da inflamação, segundo a dona.

Bruna foi embora às 7h sem atendimento, pois disse ter sido informada que aquele procedimento não era emergencial. "Me indicaram procurar uma clínica particular ou uma faculdade de veterinária, mas, para eu ir até uma faculdade, terei que pagar de qualquer jeito, então vou buscar um lugar próximo", diz.

Na clínica particular perto de sua casa, o procedimento custa R$ 450, sem contar o valor dos medicamentos que Pandora irá precisar, explica Bruna. "Não esperava esse gasto, por isso, fui lá [no hospital]."

Os atendimentos nos hospitais veterinários públicos de São Paulo acontecem de segunda à sexta-feira, das 7h às 17h. As pessoas devem levar, além do animal a ser atendido, documento de identidade (RG e CPF) e comprovante de residência na cidade de São Paulo em seu nome.

A unidade da zona leste é administrada pela Anclivepa (Associação Nacional dos Clínicos Veterinários de Pequenos Animais) e custeada pela Prefeitura de São Paulo. A associação também administra as outras duas unidades, uma no Tucuruvi (zona norte) e outra em Santo Amaro (zona sul).

Segundo a prefeitura, o atendimento gratuito nos três hospitais veterinários municipais é exclusivo aos tutores de animais que moram na cidade de São Paulo e, prioritariamente aos assistidos por programas sociais como Bolsa Família, Renda Mínima, Renda Cidadã ou outro programa equivalente.

Resposta

Em nota, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Coordenadoria de Saúde e Proteção ao Animal Doméstico (Cosap), da Secretaria Municipal da Saúde, disse que, desde o início da pandemia, os três hospitais veterinários públicos da capital realizaram mais de 147 mil atendimentos.

"A Cosap esclarece que todos os casos de urgência e emergência são atendidos sem a necessidade de senha. As unidades leste e sul distribuem 30 senhas por dia, e a unidade norte, 20. Para melhor acolhimento e organização, o órgão informa que nas unidades ocorre a distribuição de senhas, que tem início às 6h", diz o texto.

Segundo a pasta, essas senhas são para casos que não se enquadram na situação de urgência e emergência - definidas por critério médico, conforme abaixo:

Urgência: pode ser entendida como uma situação clínica ou cirúrgica, sem risco de morte iminente, mas, que se não for tratada, pode evoluir para um quadro mais grave. Como por exemplo, tumores com feridas, icterícia (animal amarelado) e secreção genital no caso de fêmeas.

Emergência: é tudo que implica risco iminente de morte, devendo ser tratado nos primeiros momentos após sua constatação. Como por exemplo, atropelamento, hemorragia ativa, convulsão, perda de consciência, falta de ar e gato que para de urinar.

Saiba mais | hospitais veterinários públicos em SP

Zona sul - Hospital Veterinário de Santo Amaro: rua Agostino Togneri, 153

Zona leste - Hospital Veterinário do Tatuapé: avenida Salim Farah Maluf, esquina com Rua Ulisses Cruz

Zona norte - Hospital Veterinário do Tucuruvi: avenida General Ataliba Leonel, 3.194

Horário de atendimento: ​7h às 17h
Retirada de senhas: ​a partir das 6h

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