Mais da metade dos GCMs da capital paulista não portam armas da corporação à paisana

Segundo prefeitura de São Paulo, de 6.933 armamentos, 3.409 ficam sob a responsabilidade de guardas fora do serviço

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São Paulo

Mais da metade das armas da GCM (Guarda Civil Metropolitana) da capital paulista não ficam com os agentes quando eles estão de folga ou em férias, segundo a própria instituição, ligada à Secretaria Municipal da Segurança Urbana, da gestão Ricardo Nunes (MDB).

Das 6.933 armas da Guarda Civil, 3.409 estão "sob responsabilidade de agentes específicos", de acordo com a instituição, representando 49%. Ou seja, as outras 51% das armas são usadas por GCMs somente no horário de serviço, tendo de ser entregues quando os agentes concluem seu dia de trabalho.

Todas as quase 7.000 armas, mesmo que alguns guardas consigam autorização para portá-las fora de serviço, são pertencentes à força de segurança, que as empresta aos guardas. Alguns agentes, por isso, acabam comprando armas particulares.

Uma portaria da Prefeitura de São Paulo faz com que a GCMs possam solicitar o porte de arma, para quando estiverem fora do trabalho, desde que sejam respeitadas determinações legais.

A medida também prevê a possibilidade de que agentes aposentados possam andar armados, da mesma forma que já ocorre com policiais militares fora da ativa. A medida foi publicada sábado (7), no Diário Oficial da Cidade.

"Os GCMs com identidade funcional estão autorizados a utilizar armas, no exercício da função ou fora do horário de serviço [...] Eles são responsáveis pelos equipamentos de trabalho, que podem ser de uso e responsabilidade individual, conforme requisição e critérios específicos", diz trecho de nota da Secretaria da Segurança Urbana, sobre as armas emprestadas para agentes, após eles solicitarem isso por meio de documentos, podendo com isso eventualmente portá-las em dias de folga.

Os guardas que optam em pegar a arma emprestada assinam um termo de compromisso, além de entregar comprovantes de exames psicológicos e de cursos feitos para o manuseio da arma, por exemplo. "Já quem não quer ficar com a arma, ou é porque não quer andar armado, ou porque tem uma arma particular legalizada em casa", afirmou o GCM Evandro Fucital, presidente do Sindguardas (Sindicato dos Guardas Civis Metropolitanos).

Ele ainda disse que, além das armas, outros itens, como colete a prova de balas, por exemplo, também são usados no esquema de empréstimo. O armamento usado por guardas, somente no horário de serviço, fica depois resguardado nas sedes da instituição.

O prefeito Ricardo Nunes afirmou ao Agora, na manhã desta terça-feira (10), sua intenção em aumentar o arsenal da guarda. "Nós vamos adquirir armamento, vamos reforçar, deixar a GCM como ela merece, equipada e com condições de trabalho", afirmou, durante evento de inauguração de uma estação da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), na zona sul.

A gestão Nunes também anunciou a compra de fuzis e carabinas para a GCM, orçados em R$ 400 mil, dinheiro conseguido por meio de uma emenda parlamentar.

Mais de 60 armas da guarda já foram levadas irregularmente

Desde a fundação da GCM, em 1986, e até o momento, 63 armas de fogo sumiram da corporação. Os dados são da própria guarda.

Os 36 roubos registrados são a maioria dos crimes, representando 57% do total, sendo seguidos pelos furtos (19) e extravios (8).

"Todos [os crimes foram] registrados em Distrito Policial e as eventuais responsabilidades do servidor apuradas pela Corregedoria", diz trecho de nota da Segurança Urbana, sem mencionar eventuais punições.

A pasta acrescentou que o "parque bélico" da GCM é fiscalizado, cadastrado e controlado pela Divisão de Arsenal e Equipamentos. "Cada uma das unidades e inspetorias possui armaria própria, com funcionários responsáveis pela limpeza cotidiana e gestão dos armamentos disponíveis."

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