Os postos de vacinação da capital paulista registraram um atendimento maior, inclusive com filas, para pessoas em busca da dose de reforço da vacina contra a Covid-19, na manhã desta quarta-feira (18), diferentemente de jovens de 16 e 17 anos, com comorbidades, no primeiro dia de vacinação para adolescentes na cidade de São Paulo.
Segundo dados da Secretaria da Saúde da Prefeitura de São Paulo, enviados por volta das 15h40, cerca de 3.300 adolescentes haviam sido vacinados na cidade.
O total estimado pelo governo municipal, na faixa etária de 16 e 17 anos com comorbidades na capital paulista, é de 48 mil pessoas.
Adolescentes só podem ser vacinados com doses da Pfizer, único imunizante permitido para esta faixa etária, até o momento, pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
O baixo número de jovens com comorbidades, entre 16 e 17 anos, se refletiu nos postos de vacinação, nos quais houve na manhã deste quarta filas para a aplicação de segunda dose, ou ainda da primeira, para pessoas que, no segundo caso, ainda não foram imunizadas.
Enxugando as lágrimas, resultantes da emoção de ver o filho vacinado, a assessora de diretoria da Unesp (Universidade Estadual Paulista), Marli Batista Rodrigues, 53 anos, afirmou se sentir mais aliviada, ao menos com relação à Covid-19, após seu filho ser vacinado na UBS (Unidade Básica de Saúde) Cambuci, na região central da capital.
O filho dela, o estudante Theodoro Rodrigues Moretto, 16 anos, é autista e, por isso, fica estressado mais facilmente quando ocorrem mudanças, como as decorrentes da pandemia do coronavírus, segundo a mãe. "Ele estava na aula presencial na escola, no teatro, e de uma hora para outra tudo ficou online. Levou uns quatro meses para ele se adaptar ao sistema remoto", explicou Marli.
A preocupação dela, e também do filho, é que, com a retomada obrigatória das aulas presenciais, o jovem precise mudar de novo sua rotina. "Meu maior medo é meu filho sofrer tudo de novo, para se readaptar ao sistema presencial e [por causa de alguma nova onde da Covid-19], vindo a variante delta, volte tudo para trás novamente."
Da mesma forma que Marli fez com seu filho, todo adolescente que for tomar a vacina deve estar acompanhado pelos pais ou por um responsável. "No caso de impossibilidade do acompanhamento do responsável, o adolescente deve estar acompanhado de um adulto e apresentar uma autorização assinada pelo responsável", diz a nota da prefeitura.
Pelo calendário divulgado pelo estado, a vacinação ocorrerá em duas fases: até o dia 29 deste mês, serão imunizados adolescentes com deficiências ou comorbidades, além de grávidas e puérperas. Do dia 30 de agosto até o dia 12 de setembro, os demais (veja abaixo). A gestão Ricardo Nunes (MDB) ainda não confirmou datas para novos grupos na capital.
Entre as comorbidades definidas pelo Ministério da Saúde estão doenças cardiovasculares, diabetes, pneumopatias crônicas, cirrose hepática, obesidade mórbida e casos de hipertensão. Esse grupo deve comprovar o seu estado de saúde por meio de exames, prescrição médica, receitas ou relatórios, contendo CRM do médico responsável.
Em dia
A profissional na área de recursos humanos Franciele Dall'Agnol, 32 anos, poderia já estar vacinada desde 22 de julho, quando pessoas com idades entre 32 e 34 anos começaram a ser imunizadas contra a Covid-19 na cidade de São Paulo.
Porém, ainda não vacinada, ela era a sexta da fila, para tomar a primeira dose contra o coronavírus, por volta das 11h10 desta quarta, na UBS (Unidade Básica de Saúde) Nossa Senhora do Brasil, na Bela Vista (centro da capital paulista). Até por volta das 11h20 desta quarta, ao menos quatro adolescentes com comorbidades haviam sido vacinados neste unidade de saúde, segundo funcionários.
"Quando começou a vacinação para a minha idade, eu estava hospedada no Rio Grande do Sul, onde já poderia também tomar a vacina. Optei por não tomar lá, pois sabia que precisaria voltar para São Paulo. Como a pessoa precisa ser vacinada com as duas doses no mesmo estado, preferi fazer isso em São Paulo [onde reside]", explicou.
Mais do que este perfil de público, procurando com atraso a primeira dose da vacina, o que prevaleceu nas unidades de saúde na região central, onde a reportagem esteve, foram filas com pessoas aguardando a segunda dose do imunizante.
Ajudando a organizar a fila com mais de 20 pessoas, por volta das 9h20 desta quarta, a auxiliar administrativa Elisângela Souza Serra, 39 anos, aguardava para tomar sua dose de reforço da AstraZeneca, na UBS do Cambuci.
Ela observou que o tempo de espera foi um pouco maior em relação à primeira vez em que foi imunizada, na mesma unidade, mas isso não a preocupou. "Está um pouco mais devagar, mas só de saber que estarei vacinada 100%, me tranquilizo."
A auxiliar testou positivo para a Covid-19, em agosto do ano passado, mas afirmou não ter tido nenhum sintoma. "Descobri que estava, pois um parente com quem eu estive junto pegou o vírus e, por isso, resolvi fazer o teste."
Ao lado dela, havia uma terceira fila, de carros, com pessoas aguardando para tomar também a segunda dose do imunizante.
Na UBS do Cambuci, entre 7h e 9h20, ao menos 20 adolescentes com comorbidades haviam sido imunizados, segundo apurado pelo Agora.
Emoção e paciência
Vacinação
A prefeitura orienta que no ato da vacinação seja apresentado um comprovante de residência na capital, que pode ser físico ou digital. Na impossibilidade da comprovação, serão aceitos comprovantes em nome dos pais, desde que também seja mostrado um documento que comprove o parentesco, como certidão de nascimento, estado civil e RG.
Além disso, a pessoa precisa portar os documentos pessoais, preferencialmente o CPF (Cadastro de Pessoas Físicas).
No caso da comprovação da deficiência permanente, além dos laudos médicos também serão aceitos o cartão de gratuidade no transporte público indicando a deficiência; documentos comprobatórios de atendimento em centros de reabilitação ou unidades especializadas no atendimento de pessoas com deficiência; ou documento oficial de identidade com a indicação da deficiência.
Caso não haja um documento comprobatório será possível a vacinação a partir da autodeclaração. Nesse caso, a pessoa deverá ser informada quanto ao crime de falsidade ideológica (art. 299 do Código Penal). O modelo de autodeclaração pode ser encontrado no VacinaSampa.
Na condição de deficiência visual, só será aceita autodeclaração em casos de deficiência permanente (cegueira). Para as demais classificações de baixa visão ou visão monocular será exigido documento que comprove a condição, conforme legislação vigente.
Outra recomendação é o preenchimento do pré-cadastro no site Vacina Já, que agiliza o tempo de atendimento nos postos de vacinação. Basta inserir dados como nome completo, CPF, endereço, telefone e data de nascimento.
Por fim, a gestão Ricardo Nunes disponibiliza a plataforma De Olho na Fila, com o objetivo de agilizar a imunização do munícipe, evitando longas filas.
Calendário 17 anos a 12 anos no estado de SP
Idade | Data |
16 e 17 anos (com deficiência, comorbidades, gestantes e puérperas) |
18 a 25 de agosto |
12 e 15 anos (com deficiência, comorbidades, gestantes e puérperas) |
26 a 29 de agosto |
15 anos a 17 anos | 30 de agosto a 5 de setembro |
12 a 14 anos | 6 de setembro a 12 de setembro |
Fonte: Governo do Estado de São Paulo
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