O projeto Costurando Sonhos Brasil, que capacita mulheres por meio da formação em cursos em corte e costura, ampliou o espaço que ocupava na comunidade de Paraisópolis (zona sul da cidade de São Paulo).
O endereço continua o mesmo, mas em uma área maior. O projeto, em parceria do G10 Favelas, passa a contar com uma loja própria para vender as peças produzidas por costureiras da comunidade —além do site—, uma sala de capacitação e outra com oficina de confecção, que antes eram no mesmo lugar, além de um estúdio fotográfico e um escritório.
“A pessoa que sair da capacitação já vai ter um espaço físico para vender seus produtos, além do site. O local é muito movimentado e é ótimo para comercialização”, diz Sueli do Socorro Feio, idealizadora do projeto ao lado de Nilde Santos.
“Estamos muito animadas e vemos prosperidade. A mudança de vida e o empoderamento para essas mulheres passa por ter dinheiro no bolso, além da parte emocional”, completa Sueli.
Criado em 2017, o Costurando Sonhos surgiu como um uma forma de ajudar moradoras de Paraisópolis em situações de vulnerabilidade social, inclusive com algumas em situação de violência doméstica, ensinando corte e costura.
Sueli e Nilde iniciaram o projeto em uma sala de pouco mais de 3m² e cinco máquinas de costura. “É um dia que estou bastante emocionada por ver como nós começamos, como nós estamos agora e vislumbrando onde podemos chegar”, afirma Sueli.
Nos quatro anos de atuação, mais de 250 mulheres receberam capacitação e certificação em corte e costura do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial).
“É uma loja conceito para ser replicada no Brasil inteiro através dos escritórios de negócios”, diz Gilson Rodrigues, presidente do G10 das Favelas, um bloco de líderes e empreendedores de impacto social das favelas que visa o desenvolvimento econômico e social dessas áreas urbanas.
A iniciativa contempla também criação de uma frente de negócios, o desenvolvimento de produtos próprios e conexão com uma rede de potenciais clientes e parceiros locais.
"Os escritórios de negócio são dez iniciativas, como moda e alimentação, organizados em um único ambiente para que a população da favela possa empreender e gerar negócios”, completa Gilson.
O projeto está sendo instalado nas 10 maiores comunidades do Brasil, como Pernambuco, Rio de Janeiro, Maranhão, Pará e Minas Gerais.
Atualmente funcionária da iniciativa em Paraisópolis e desde 2017 no projeto, quando entrou como voluntária, Roseli Aparecida de Araújo, 66 anos, destaca a importância da ampliação do local em São Paulo.
“É um espaço muito maior e melhor, com mais condições de trabalho e possibilidade de capacitar e empoderar as mulheres oferecendo fonte de renda”, diz Roseli, que espera levar o projeto para o Cambuci, bairro em que mora.
“Antes trabalhava com vendas e aprendi a costurar no projeto. É maravilhoso e eu sou apaixonada por aqui”, ressalta.
Outra contratada como costureira é Ana Lúcia Firme da Silva, 49 anos, que mora na comunidade e ingressou na iniciativa em abril deste ano após ficar desempregada.
“Antes da pandemia era doméstica, mas perdi o emprego e fui indicada por uma amiga para vir aqui. Eu só tenho a agradecer porque eu estou aprendendo muita coisa e é ótimo trabalhar aqui”, celebra Ana Lúcia.
Quase 2 milhões de máscaras na pandemia
Em 2020, no início da pandemia de Covid-19, cerca de 80 mulheres foram contratadas pelo Costurando Sonhos para trabalharem em sistema de home office na produção de máscaras de tecidos.
Desde o início da pandemia, segundo o projeto, mais de 1,9 milhão máscaras já foram doadas para as pessoas mais vulneráveis.
“Doamos para Paraisópolis e outras comunidades de São Paulo, e outros estados como Pará, Maranhão, Pernambuco e Distrito Federal. Demos a nossa contribuição para ajudar a proteger quem mais precisava”, diz Sueli.
O Costurando Sonhos tem uma marca própria, a Eleva, e já produziu vestidos para celebridades. A gaúcha Julia Gama competiu na última e 69ª edição do Miss Universo e terminou em segundo lugar, em maio deste ano, nos Estados Unidos.
“Costurando Sonhos já foi de Paraisópolis para o Universo. Centenas de países viram o vestido da Miss Brasil e a gente sonha ir para o mundo para ajudar a transformar a vida de milhares de mulheres Brasil afora”, destaca Sueli.
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