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Virada da Vacina tem posto lotado na periferia e vazio no centro de São Paulo

Enquanto em São Miguel, na zona leste, fila era de três horas, na Sé, esperava era de 15 minutos

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São Paulo

A Virada da Vacina, com música e atrações culturais implementada pela prefeitura para atrair jovens de 18 a 21 anos a se imunizar contra a Covid-19, reservou situações bem distintas entre o tempo de espera no centro e na periferia da cidade de São Paulo.

Enquanto a fila no posto montado pela prefeitura na praça do Patriarca, na região da Sé, chegava até 15 minutos, em São Miguel Paulista (na zona leste da cidade) o tempo de espera alcançava três horas, tempo semelhante ao megaposto no Memorial da América Latina, na Barra Funda (zona oeste).

Segundo balanço divulgado pela prefeitura, a Virada da Vacina aplicou 17.566 doses de vacinas anti-Covid, das 19h de sábado (15) às 7h de domingo (15).

Por volta da 1h, a reportagem conversou com cinco amigos que haviam percorrido cerca de 30 km entre a Brasilândia (zona norte) até conseguiram se vacinar na unidade localizada na praça Padre Aleixo Monteiro Mafra, em São Miguel (zona leste).

O recrutador Weslley Patrocínio, 25, o auditor interno Felipe Da Hora, 20, o estudante Guilherme Lima, 19, o jovem aprendiz Cesar Lima, 18, e o também estudante Caio Eduardo, 18, contaram que deixaram a Vila Brasilândia (zona norte) pouco antes das 21h e seguiram até o Memorial da América Latina. Lá, viram uma fila que dobrava quarteirões e decidiram acessar o aplicativo disponibilizado pela prefeitura e conhecido como filômetro, que indica a situação em cada local.

Mulher é vacinada
Paulistanos fazem fila para receber a vacina contra a COVID-19, no Memorial da América Latina, em São Paulo - Eduardo Anizelli/Folhapress

Ao indicar que um posto no Itaim Paulista havia baixa procura, resolveram ir até lá. No entanto, a unidade não estava funcionando, o que fez com que fossem até São Miguel. Segundo eles, por volta das 22h, encontraram aglomeração e desorganização. "Quando a gente chegou tinha aglomeração, mas ficamos isolados até eles arrumarem a fila", contou Patrocínio. O posto, montado em uma igreja, encerrou as apresentações antes da chegada dos amigos. A explicação dos funcionários era para evitar incômodo aos vizinhos.

Sobre a saga para se vacinar, Cesar Lima contou, sorrindo, que tiraram de letra. "Nós já estávamos juntos, fazia tempo que não nos víamos e resolvemos ir para longe [para garantir a imunização]. Não ter [posto] perto de casa é um erro da prefeitura. Olha o tanto de jovem que tem na zona norte".

Enquanto deixavam o local, os jovens se disseram exaustos e que iriam procurar uma lanchonete para comer.

Mais cedo, no posto montado pela prefeitura na praça do Patriarca, quando da chegada da reportagem, por volta das 22h, cerca de 10 pessoas esperavam para serem imunizadas. Um DJ animava o ambiente. Entre aqueles que aguardavam a vez estavam Bruno Andrade, 24 anos, e sua namorada, a estudante Luisa Santos, da mesma idade, e que já havia se vacinado anteriormente. "Eu ia tomar no começo da semana, mas preferi tomar no fim de semana para não atrapalhar o trabalho", disse o jovem.

Jovem mostra cartão de vacinação na janela de carro
Com muito trânsito vindo de varias ruas ao entorno do Club Paulistano e nenhuma CET, a Virada da Vacina neste local teve buzinaço e horas de espera pela imunização - Bruno Santos/Folhapress

Andrade, que trabalha no mercado financeiro, contou que mora em Santo Amaro (zona sul da cidade de São Paulo) e se dirigiu ao posto de Interlagos. No entanto, segundo seu relato, o local estava lotado. Com isso, resolveu acessar o site da prefeitura que aponta a condição das filas nos postos de vacinação e decidiu ir até a região central. Após ser imunizada, a dupla afirmou que não iria esticar a noite, rumando direto para a casa de Luisa, em Pinheiros.

No megaposto montado no Memorial da América Latina (zona oeste), a fila para vacina chegava a fazer com que famílias esperassem mais de três horas dentro de seus veículos até que a imunização fosse realizada no sistema drive-thru. Durante alguns momentos, gritos e aplausos faziam parte da euforia entre jovens e seus familiares. Essa era uma das formas de mostrar a alegria de ver mais um ente imunizado contra a Covid-19.

O advogado Valdemar Donizete de Oliveira, 61, era uma das pessoas que, mesmo há muito tempo sentado dentro do carro, mostrava um sorriso no rosto. Ele, junto de sua esposa, a pedagoga Odaljisia Oliveira, 58, deixaram o Butantã por volta das 19h, para imunizar o filho, o estudante de direito Lucas Carmo de Oliveira, 21, e a namorada dele, a estudante de psicologia Fernanda Reimberg, 19. "Estou maravilhado. Desde que tomei a primeira dose, meu filho falava que não via a hora de chegar a vez dele. Eu confesso que estou mais feliz do que quando tomei a minha."

Prefeitura afirma que 'adesão foi grande'

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Saúde, informa que durante todo o final de semana a adesão à Virada da Vacina Sampa foi grande. Somente entre a noite de sábado (14) e a madrugada deste domingo (15), mais de 17 mil pessoas procuraram pela imunização.

No sábado, afirma a secretaria, foram mais de 268 mil doses aplicadas, recorde em um único dia desde o início da campanha, o que permitiu ao município atingir o patamar de 96,5% da população adulta imunizada com primeira dose.

"A grande procura pela vacinação por parte do público entre 18 e 21 anos atesta que o jovem da capital entendeu a importância da imunização", diz a prefeitura, em nota.

Sobre a vacinação na Subprefeitura da Vila Itaim, na avenida Marechal Tito, a secretaria reforça que o local não estava na relação dos postos que estariam abertos para a campanha de imunização no período das 19 horas de sábado (14) às 7 horas deste domingo (15).

A Secretaria Municipal de Cultura informa que todas as apresentações ocorreram nos horários previstos e que não havia previsão de atividades culturais nestes locais no horário a que a reportagem se referiu.

Dose aplicadas

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS), por meio da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), informa que foram aplicadas 17.566 doses de vacinas anti-Covid, das 19h de sábado (15) às 7h de domingo (15), durante a Virada da Vacina Sampa. Foram 17.439 primeiras doses (D1) e 127 segundas doses (D2).

Nesse período, 13 drive-thrus e três megapostos foram utilizados para a aplicação dos imunizantes, segundo a prefeitura. Os postos que mais ministraram vacinas foram os drive-trhus do Anhembi (1.825 doses), Shopping Anália Franco (1.779) e Arena Corinthians (1.584).

No sábado, até as 19h, tinham sido aplicadas 268.770 doses: 215.029 primeiras doses (D1), 53.734 segundas doses (D2) e sete doses únicas.

De acordo com a secretaria, no total, a cidade ultrapassou a aplicação de 12 milhões de doses desde o início da campanha de vacinação, em fevereiro. Até as 7h30 deste domingo, foram aplicadas 8.592.308 (D1), 3.420.958 (D2) e 318.892 doses únicas, totalizando 12.331.158. Com esses números, a cidade alcançou 96,5% da população vacinada com D1 ou dose única e 40,5% com D2 ou dose única.

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