A cidade de São Paulo recebeu mais de 1 milhão de doses de quatro dos 25 lotes da Coronavac suspensos pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no último dia 4 e bloqueados pelo Ministério da Saúde, segundo disse o prefeito Ricardo Nunes (MDB) nesta sexta-feira (10).
Nunes afirmou que, do total de 1.003.288 doses recebidas, 975.657 foram aplicadas em moradores da capital paulista.
“Estamos monitorando todas as pessoas e até o momento não houve nenhuma intercorrência por causa das aplicações”, afirmou Nunes ao Agora.
Segundo a Anvisa, as cerca de 12 milhões de doses foram envasados em uma unidade da empresa chinesa Sinovac, parceira do Instituto Butantan, que não passou por inspeção ou análise da agência. A decisão vale por 90 dias.
O governo estadual afirmou não ter detectado, até o momento, “nenhuma intercorrência” com as doses dos lotes suspensos, "além de monitorar por 30 dias, como medida preventiva de segurança, pessoas que foram imunizadas com as vacinas, cujo número não foi informado".
A gestão João Doria (PSDB) disse ter recebido 4 milhões de doses dos lotes suspensos pela Anvisa. “As vacinas foram validadas e, portanto, tiveram a qualidade garantida para a utilização na população”, diz trecho de nota do governo estadual, se referindo à análise de controle de qualidade e certificação das doses feito pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade, órgão da Fiocruz, do governo federal.
Nunes esteve na manhã desta sexta-feira (10) em Santo André (ABC), onde participou de uma reunião do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, formado pelas cidades de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.
O encontro foi realizado para avaliar a manutenção das restrições de horários e capacidade de ocupação das atividades de comércio e prestação de serviços na região. A capital paulista passou a integrar o consórcio também nesta sexta.
O presidente do consórcio, o prefeito de Santo André Paulo Serra (PSDB), afirmou que as sete cidades receberam cerca de 100 mil doses de lote suspenso, dos quais aplicou aproximadamente 95%.
Todas as vacinas não aplicadas estão retidas, segundo a Anvisa e o Ministério da Saúde. Na última quarta-feira (8), a agência disse que após a reunião ocorrida na segunda (6), o Butantan enviou um conjunto de documentos referentes aos lotes interditados da vacina Coronavac e seu local de fabricação, mas que o instituto "não apresentou o relatório de inspeção emitido pela autoridade sanitária, essencial para a avaliação das condições de aprovação da planta, que podem incluir compromissos e condicionais para permitir a operação no local".
"Paralelamente, visando acelerar a avaliação dos lotes interditados, foram iniciados os trâmites internos para realização da viagem de servidores para inspecionar o novo local de envase da vacina. Além disso, há a expectativa de confirmação do governo chinês quanto a uma possível isenção da quarentena, visto que os inspetores se encontram vacinados, o que permitirá definir a data final para a inspeção. A equipe inspetora já está designada e preparada para embarcar para a China na próxima semana", afirmou a agência.
Em nota, o Butantan diz que o órgão sanitário chinês (NMPA) não concede o relatório de inspeção diretamente ao instituto por questões internas. Por isso foi pedido para que a Anvisa peça o documento junto ao órgão asiático.
"O relatório já possui aprovação da planta pela autoridade sanitária local que mostram que a linha de envase tem plenas condições de operação", afirma o instituto. "É importante lembrar que o lote de imunizantes quarentenado é proveniente do sítio fabril da biofarmacêutica chinesa Sinovac, parceira do Butantan e que possui todas as credenciais sanitárias internacionais necessárias para a fabricação da Coronavac", completa.
O Butantan diz ainda que criou uma força tarefa para atender todas as demandas e esclarecer dúvidas da Anvisa.
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