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Mães reclamam de atraso em bolsa de R$ 500 por trabalho em escolas de SP

Mulheres afirmam trabalhar em unidades de ensino, mesmo com os nomes inelegíveis em site da Educação

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São Paulo

Mães de alunos contratadas para trabalhar em escolas da rede estadual reclamam do atraso no pagamento de R$ 500 referente ao programa Bolsa do Povo Educação, da gestão João Doria (PSDB), com o intuito de ajudar no cumprimento de protocolos de prevenção à Covid-19.

Segundo uma das mães ouvidas pela reportagem, a Secretaria de Estado da Educação disse que o pagamento do valor —previsto para o dia 20— sai até o fim deste mês.

A pasta da Educação estadual afirmou, em nota enviada no final da tarde desta terça, ter iniciado na semana passada os pagamentos para o programa Bolsa do Povo. Ela não se posicionou sobre problemas no registro dos cursos feitos pelas mulheres, como também denunciado pelas mães de aluno.

Com 73 mil inscritos, segundo a secretaria, o programa selecionou 20 mil pessoas, entre pais, mães e responsáveis por alunos para integrar o projeto. As contratações começaram em 16 de agosto.

A bolsa, diz a Educação, foi criada "para auxiliar as famílias a superarem os desafios educacionais e financeiros provocados pela Covid-19", segundo trecho de nota. Os pagamentos mensais, de R$ 500, ainda conforme o governo estadual, ocorrem por seis meses, período em que o programa será mantido.

As 12 mulheres que procuraram a reportagem afirmam ter realizado cursos de formação, obrigatórios para trabalhar nas unidades de ensino. Algumas destacam que já atuavam nas escolas, mesmo enquanto estavam fazendo a formação obrigatória, ou ainda com os nomes inelegíveis no cadastro do programa estadual.

O governador João Doria (PSDB), durante lançamento do Bolsa do Povo Educação para os estudantes mais vulneráveis do ensino médio da rede estadual - Divulgação - 19.ago.21/Governo do Estado de São Paulo


No curso, com duração de 20 horas, distribuídas em cinco dias, elas aprenderam como agir para manter salas de aula higienizadas, além de orientar estudantes para cumprirem protocolos, como o uso de máscaras e limpeza constante de mãos. A capacitação foi feita nas mesmas unidades de ensino onde cada uma das mulheres atua.

As mulheres afirmam que fizeram o curso completo, mas também ressaltam terem recebido emails afirmando que precisavam complementar horas —que, em alguns casos, foram refeitas, ainda segundo as mulheres.

Uma delas, uma dona de casa de 29 anos, afirmou ter recebido um email em 26 de agosto parabenizando-a por ter sido aprovada na Ação Bolsa do Povo Educação, para trabalhar em Jundiaí (58 km de SP).

Em 12 de setembro, ela recebeu outro email afirmando que o prazo para ela encerrar o curso de formação, para trabalhar na escola estadual, havia se encerrado.

Já no dia 15, ela recebeu outro correio eletrônico, afirmando que havia concluído a formação, podendo com isso trabalhar na escola designada. A dona de casa disse que começou a trabalhar em 30 de agosto, mesmo dia em que começou o curso. Até o momento, porém, ela não recebeu a bolsa.

A mulher afirma que sabe sobre casos de outras mães de aluno que foram chamadas em 8 de setembro e que receberam o valor da bolsa, no último dia 21.

Apesar do atraso, ela continua indo à escola estadual, conforme orientação da direção, para não perder dias de trabalho e, eventualmente por causa disso, não receber o depósito.

Uma outra dona de casa ouvida pela reportagem, de 30 anos, também disse não ter recebido o pagamento da bolsa no dia 20, quando estaria programado para caírem R$ 500 na conta dela.

Ela afirmou ter feito o curso completo, mas que recebeu email do governo estadual, em 12 de setembro, falando que o prazo para ela concluir a formação havia se encerrado. Em seguida, contou que recebeu uma ligação da escola afirmando que tinha passado no curso, concluído em 3 de setembro.

A mulher começou a ajudar no cumprimento dos protocolos sanitários, contra o coronavírus, em 8 de setembro na zona leste da capital paulista.

Ela foi informada que receberia o primeiro pagamento da bolsa entre os dias 20 e 21, mas até o momento afirmou que nada caiu em sua conta.

Além disso, a dona de casa afirma “ter sido barrada” pela direção da escola, no dia 21 por, segundo ela, orientação da Secretaria da Educação. A justificativa é a de que ela só poderia retornar ao trabalho depois que recebesse o dinheiro da bolsa.

Outras mães ouvidas pela reportagem destacam que uma falha no sistema do governo estadual teria gerado emails controversos.

Uma delas, uma dona de casa de 29 anos, que, mesmo sem ter recebido o pagamento do governo, vai todos os dias à uma escola estadual de Pindamonhangaba (156 km de SP), afirmou que recebeu um email nesta terça (28), falando que houve um problema e que o pagamento da bolsa será feito, com atraso, até o fim do mês.

Outra mãe de aluno, 37 anos, de São José dos Campos (97 km de SP), se queixou da falta de comunicação para os bolsistas do programa da Educação estadual. Ela afirma que, até esta terça-feira, não havia sido informada sobre a conclusão do curso.

Depois de seis dias trabalhando, ela acrescentou ter sido informada pela diretoria da escola que havia recebido um email dizendo sobre o fato da dona de casa ter cursado, supostamente, apenas quatro horas da capacitação obrigatória. Ela contou ter refeito as aulas, durante dois dias, período após o qual retomou o trabalho na unidade de ensino.

Resposta

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) informa que os pagamentos referentes ao Programa Bolsa do Povo Educação estão sendo realizados desde a semana passada.

Os pais e responsáveis que estão recebendo, segundo a pasta, são os que iniciaram as atividades nas escolas no mês de agosto. Caso os responsáveis estejam com dúvidas, a Seduc possui canais oficiais como por meio da central de atendimento 0800 770 0012, das 7h às 19h.

Sobre os casos mencionados pela reportagem, a Educação estadual acrescentou que dois deles não concluíram as 20 horas do curso de capacitação e, para outro, está previsto o pagamento atrasado da bolsa a partir de outubro. Com a conclusão do curso, os responsáveis podem iniciar as atividades nas escolas e, após um mês de exercício, o pagamento é realizado, complementou a Educação.

Programa estadual

A Bolsa do Povo, segundo a Secretaria Estadual de Educação, da gestão João Doria (PSDB), abriu incrições para mães, pais e responsáveis por alunos da rede entre 20 de 31 de julho, para que os candidatos fossem selicionados para uma das 20 mil bolsas, de R$ 500, oferecidas pelo governo.

Os responsáveis selecionados foram entrevistados e, desde 16 de agosto, começaram a ser contratados e fizeram a capacitação, em um curso para que saibam garantir o cumprimento dos protocolos de prevenção ao novo coronavírus em escolas estaduais.

O programa Bolsa do Povo, ainda de acordo com a gestão Doria, é destinado ao representante legal do estudante da rede estadual de ensino, tendo como objetivos:

  • Fortalecer o vínculo entre família e escola;
  • Intensificar as estratégias de busca ativa;
  • Garantir o cumprimento dos protocolos sanitários durante a pandemia da Covid-19;
  • Mitigar os impactos da pandemia da Covid-19.

A duração do programa é de seis meses.

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