Com a pandemia, a maior parte das pessoas ficou mais em casa, pediu mais comida por delivery e, consequentemente, passou a gerar mais lixo dentro de seus domicílios. Em condomínios, há ações que podem ser adotadas por moradores, síndicos e funcionários para gerir melhor o lixo e, até, diminuir a quantidade de resíduo produzido.
Sugerir medidas mais sustentáveis não precisa ser uma iniciativa restrita ao síndico. Para Maria Claudia Buarraj El Khouri, gerente de sustentabilidade do Grupo Graiche, é interessante que os condôminos também proponham discussões e tragam ideias de soluções em assembleia.
"Geralmente, é preciso um investimento inicial, seja de tempo ou dinheiro. Então, a pessoa tem que chegar com uma proposta mais concreta na reunião, escolher o momento certo de trazer a discussão e saber defender essa pegada ambiental", explica.
A coleta seletiva é uma das soluções implantadas nos prédios para destinar corretamente os resíduos do condomínio, separando o lixo orgânico do lixo reciclável.
O passo a passo para a implementação da coleta seletiva inclui orientar moradores e funcionários de limpeza e contratar uma empresa de coleta ou buscar parceria com cooperativas para a retirada do lixo.
A gerente de sustentabilidade do Grupo Graiche ressalta que, além da coleta seletiva básica, há outros itens que podem ser separados e descartados corretamente. Dentre eles, pilhas e baterias, lixo eletrônico, cápsulas de café, buchas de plástico, bitucas de cigarro e óleo de cozinha.
De acordo com Maria Claudia, o condomínio pode entrar em contato com empresas, instituições ou cooperativas que separam e destinam esses resíduos corretamente. "Por exemplo, fazemos parte de um programa chamado Terra Cycle e mandamos todo material de escritório, como canetas sem tinta, réguas, apontadores quebrados, para a Faber Castell fazer a reciclagem específica", relata.
Para o lixo orgânico, a compostagem é uma solução. O processo constitui na transformação dos resíduos como cascas de ovos, frutas, legumes, verduras e borras de café em fertilizante e adubo orgânico, o que não só gere melhor o lixo, mas também diminui a produção dele.
Paulo Werneck, 45, é síndico de um condomínio na Vila Andrade (zona sul de SP). Lá, a compostagem ainda está em uma fase de testagem, mas a ideia é continuar expandindo o projeto.
Cada um dos oito blocos do prédio recebeu uma composteira, cujas três caixas têm cerca de 50 centímetros de largura e profundidade e são colocadas uma em cima da outra. "Não é algo muito grande. A composteira inteira tem mais ou menos o tamanho de um arquivo de documentos, de umas cinco gavetas", explica Werneck.
Um grupo de famílias foi instruído sobre os alimentos que podem ser colocados na composteira e os funcionários do prédio e da jardinagem fazem a manutenção, orientados por um morador voluntário que conhece os procedimentos. Segundo o síndico, não há mal cheiro algum no processo.
"A função do síndico é mais a instruir o que pode e o que não pode, além de dar a assistência necessária à manutenção e a jardinagem para que o projeto possa crescer e gerar mais adesão", conta.
A compostagem coletiva traz benefícios diversos. "O adubo natural produzido pode ser utilizado pelos moradores para o plantio em hortas urbanas individuais ou coletivas do condomínio, além de servir para o paisagismo das áreas comuns", explicam Giovanna Piesco e Larissa Murakami, da área de sustentabilidade da Inovatech Engenharia.
Para Giovanna e Larissa, implantar ações de sustentabilidade gera um senso de comunidade que traz benefícios significativos à convivência entre os moradores.
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