Voltaire de Souza: Talento de sobra

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Voltaire de Souza

Tragédia. Impacto. Surpresa.
Acontece em Hollywood.
Num set de filmagem.
Famoso ator dá tiro por engano.
E mata uma diretora de fotografia.
O capitão Morretes balançava a cabeça.
—Falta de prática.
Treinamento com armas é essencial.
—Não basta um rostinho bonito.
Ele ajeitou o quepe na cabeça.
—Atorzinho otário.
O bigode de Morretes estava bem aparado.
—Esse pessoal artístico… querendo dar de macho.
Ele pensou mais um pouco.
—Agora, tem uma coisa…
No espelho, seu rosto ganhava sombras de seriedade.
—Essa diretora aí. Precisa saber o que ela andou fazendo.
Os sonhos de Morretes prosseguiam.
—Que idade tem esse babaca?
O ator Alec Baldwin já passou dos sessenta.
—Bem que eu podia ser contratado em Hollywood.
Quarenta anos. Olhos claros. Cabelo castanho.
—Sou bem branco.
Um chamado interrompeu seus sonhos.
Hora da patrulha de rotina.
—Beleza. Hoje eu capricho no ensaio artístico.
Nove adolescentes foram abatidos naquela tarde.
—Qualquer coisa, digo que foi acidente.
Morretes se orgulha de ter muita prática diante das câmeras.
Talentos, por vezes, são desperdiçados.
Balas, não.

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