Onze policiais militares foram presos preventivamente na terça-feira (23), em Campinas, após uma decisão do juiz Ronaldo João Roth, do Tribunal de Justiça Militar de São Paulo.
Segundo os autos do processo, os agentes são suspeitos de participarem de diversos crimes, como causar morte de inocentes, coagir testemunhas, fraudar locais de crimes, exigir vantagens ilícitas e quebrar sigilos de forma ilegal.
Os PMs foram presos em uma operação da Corregedoria da PM e passaram por audiência de custódia na quarta-feira (24), que manteve as prisões preventivas.
Eles foram levados para o Presídio Militar Romão Gomes, que fica na zona norte de São Paulo.
De acordo com o texto de decisão do juiz Roth, os agentes presos atuavam na Força Tática do 35º Batalhão da Polícia Militar do Interior e no 1º Batalhão de Ações Especiais. Na lista constam dois sargentos, quatro cabos e cinco soldados.
No pedido, o juiz defende que há "indícios suficientes de autoria" e argumenta que "a liberdade dos investigados poderá inviabilizar a aplicação da lei penal, prejudicando ou dificultando a apuração da verdade, até mesmo em razão das diversas buscas e apreensões que serão realizadas".
Roth também aponta que o comportamento dos agentes não condiz com a instituição em que trabalham.
"Verifica-se que os agentes, embora militares em atividade, não têm maior vínculo com os valores cultuados entre os homens de bem e nem com a Corporação a que pertencem".
A decisão também levanta a utilização de equipamentos fornecidos pelo estado para a prática de crimes.
"Se integram a grupo avesso à autoridade e à disciplina militar formado para a prática de violência contra pessoas com uso de material bélico do Estado, colocando em dúvida a credibilidade da instituição Polícia Militar".
Ao enumerar os crimes possivelmente cometidos pelos agentes, o juiz ainda explica que a apuração realizada usando diversos recursos, como interceptações telefônicas, aponta para suspeita da prática de "crimes gravíssimos" como "causar a morte de inocentes apenas com a intenção de satisfazer o desejo pessoal de liquidar pessoas".
Resposta
Questionada sobre o caso, a Secretaria da Segurança Pública, gestão João Doria (PSDB), afirmou que "não compactua com desvios de conduta de seus agentes e defende a rigorosa investigação de toda e qualquer denúncia contra eles".
Já a Polícia Militar disse, em nota, que a operação é a 103º realizada pela corregedoria neste ano e que ela "ocorreu no âmbito de um inquérito policial militar (IPM) que apura a notícia de crimes praticados por policiais militares".
A PM afirmou ainda que "trata-se de esforço institucional para assegurar a qualidade da prestação de serviço de segurança pública à população".
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