Que o salário mínimo não é grande coisa, ninguém discute. Mas cabe lembrar que já foi muito menos.
Nos tempos da inflação descontrolada, que foram até o início dos anos 1990, a briga era por um mínimo equivalente a 100 dólares, porque o valor em moeda nacional não interessava.
Quando o Plano Real finalmente colocou alguma ordem na economia, o Congresso tratou de aumentar o piso de R$ 70 para R$ 100. Chega a ser ridículo pensar nesse valor hoje.
De lá para cá, os reajustes acumularam quase 160% acima da inflação. Os R$ 998 mensais de hoje valem mais de 250 dólares.
Essa política de valorização, que evitou um sufoco maior para muitos brasileiros, está sendo interrompida agora, pelo menos até segunda ordem.
O governo Jair Bolsonaro (PSL) está prevendo apenas correção pelo INPC em janeiro de 2020, o que elevaria o mínimo para R$ 1.040.
Para falar a verdade, os reajustes já vinham sendo uma mixaria nos últimos anos. Eles eram baseados no crescimento da economia, que desabou desde 2014.
O governo diz que vai pensar em outra regra para os aumentos. Mas, na atual pindaíba, não dá para esperar nenhuma maravilha.
Não há como desatar esse nó sem fazer a produção, o consumo e o emprego voltarem a andar mais depressa. Assim, a arrecadação de impostos também sobe.
Para chegar lá, Bolsonaro precisa mostrar serviço, consertar as contas públicas e transmitir confiança para empresários e consumidores.
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