Após muita confusão, com recuos e demissões, o Ministério da Educação anunciou que manterá o teste que avalia o nível de alfabetização de alunos do segundo ano do ensino fundamental.
A pasta, porém, mudou o modelo. Em vez do censitário, onde todas as escolas eram avaliadas, será usada a amostragem, só com uma parcela dos colégios.
A ideia é economizar: o MEC teve mais de 20% de suas despesas não obrigatórias represadas. A avaliação ficará mais barata, mas a novidade preocupa.
Isso acontece porque o nível de detalhe do teste será menor. A prova por amostragem é capaz de fornecer quadros mais amplos de regiões e estados, mas não de revelar um panorama preciso sobre cada cidade ou escola.
Com essa carência de informações, não há dúvida de que ficará mais difícil combater a vergonha do analfabetismo.
Hoje, 55% dos estudantes no final do terceiro ano do ensino fundamental têm conhecimento insuficiente de leitura e escrita. Como essa deficiência começa já na educação básica, o aluno, ao chegar ao ensino médio, se complica ainda mais, já que é confrontado com uma variedade maior de disciplinas.
Esse novo formato pode afetar gerações: além de condenar brasileiros à ignorância, emperra o desenvolvimento.
O Ceará é um bom exemplo. Lá, o governo condicionou o repasse de verbas às cidades conforme o desempenho dos alunos em avaliações de leitura e escrita. Resultado: o estado conseguiu um avanço impressionante na alfabetização.
O governo Jair Bolsonaro (PSL) já indicou, pelo menos, que irá retomar no ano que vem a avaliação em todas as escolas. Que outros estados e municípios também façam bom uso desses dados.
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