Devastação acelerada

A floresta amazônica acaba de bater um recorde de desmatamento. Entre agosto de 2018 e julho de 2019 houve um aumento de 29,5% na devastação, a maior registrada na década. No total, foram 9.762 km² —cerca de seis vezes a área da cidade de São Paulo.

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Área desmatada por grileiros dentro da Terra Indígena Trincheira Bacajá, em Altamira, no sul do Pará - Lalo de Almeida - 26.ago.2019/Folhapress

Como de hábito, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, tentou isentar o governo Jair Bolsonaro da responsabilidade. Um esforço fútil e inútil.

É verdade que o desmatamento não começou a crescer com Bolsonaro. Desde 2013 há tendência de alta, que se deve atribuir, portanto, a Dilma Rousseff (PT) e a Michel Temer (MDB).

Não há dúvida, porém, de que a política de Bolsonaro, ou a falta dela, contribuíram para “potencializar” (como disse o próprio presidente) esse processo.

Só sete meses desse período coincidem com o atual governo. Mas, durante os três meses da campanha eleitoral, quando o futuro presidente fez vários discursos contrários à preservação da Amazônia, o avanço do desmate foi ainda maior, ao ritmo de 49%.

Já no Planalto, Bolsonaro não ficou só no discurso. Enquanto defendia a soberania sobre a floresta tropical, aprofundava a destruição ao incentivar garimpeiros, esvaziar o Ibama, intervir no Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e menosprezar queimadas. 

Acima de tudo está o fato de que o ministro Salles até hoje não apresentou política ou programa para enfrentar essa situação dramática. Já há sinais de que se o desflorestamento continuar nessa toada haverá menos chuvas, com prejuízos ao agronegócio e às hidrelétricas.

Sim, a Amazônia realmente é nossa —mas não deveria ser para devastá-la como se não houvesse amanhã.

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