Uma das consequências mais cruéis da explosão do novo coronavírus é a falta de materiais necessários à proteção dos profissionais e de equipamentos para o cuidado dos pacientes.
Há alertas por todo o país sobre o risco de não haver máscaras, luvas e outros insumos básicos para médicos e enfermeiros, assim como de respiradores, fundamentais para os doentes mais graves.
Trata-se de situação inadmissível, que exige atuação urgente do poder público. As tentativas de importar esses produtos da China não tiveram lá grande sucesso. A alta demanda de outros países sobrecarregou a potência asiática e criou uma competição brutal e perigosa.
Na quarta-feira (1º), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que parte das compras não poderá ser feita após os EUA terem adquirido grande volume de produtos chineses.
O mesmo ocorreu com uma encomenda de 600 respiradores realizada por estados do Nordeste, cujo contrato foi cancelado pela empresa fornecedora sem maiores explicações.
Como o pico da doença ainda está por vir, o Brasil precisa se virar para ampliar a fabricação nacional desses materiais e aparelhos. Para ser bem-sucedido, o esforço deve contar com uma instância responsável por organizar a produção, identificar os principais gargalos nos estados e distribuir os equipamentos de acordo com as necessidades.
Nos EUA, Donald Trump chegou a recorrer a uma lei dos tempos da Guerra da Coreia para obrigar montadoras de automóveis a fabricarem respiradores.
Talvez não seja preciso chegar a tanto no Brasil, mas a gravidade da crise impõe medidas de coragem. Capacidade técnica e industrial para tanto não faltam.
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