O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), foi afastado do cargo por 180 dias sob acusação de integrar um esquema fraudulento de contratos ligados ao combate à Covid-19 no estado.
Com a decisão, tomada pelo ministro do STJ Benedito Gonçalves, Witzel cumpre um rito de passagem entre os ocupantes do seu cargo. Todos os ex-governadores do estado que ainda estão vivos foram afastados ou presos por suspeitas de desvio de recursos.
É espantoso mesmo para os padrões da política brasileira, e o evento mais barulhento na crise do governo fluminense.
Recapitulando: em maio, a cúpula da secretaria de Saúde do estado foi presa, acusada de desviar verba de contratos emergenciais para a compra de respiradores. O ex-secretário já foi solto após assinar acordo de delação premiada.
Witzel logo virou alvo e teve celular e computador apreendidos pela Polícia Federal. O escândalo minou seu apoio político; em junho, 69 dos 70 deputados da Assembleia Legislativa do Rio votaram por abrir um processo de impeachment.
Além de seu afastamento, foram expedidos 17 mandados de prisão, que incluem o presidente do PSC, Pastor Everaldo, e 84 de busca e apreensão, que atingem o vice-governador e a mulher de Witzel.
Mesmo nesse contexto, causa estranheza que uma decisão tão grave tenha sido feita por um único ministro, e não por votação do colegiado do STJ.
De todo modo, a combinação de afastamento com processo de impeachment é um golpe duríssimo para a breve carreira de Witzel na política. Com discurso moralizante e justiceiro, o ex-juiz surfou na onda bolsonarista e aspirou a disputa para presidente em 2022. Sua queda parece tão rápida quanto a sua ascensão.
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