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Claudinei Queiroz: Leal, o brasileiro

Yoandy Leal Hidalgo nasceu em Havana, capital de Cuba. Sua vida, como a de tantos outros cubanos, não foi fácil, com restrições na vida pessoal, mas que viu no esporte uma chance de proporcionar uma vida melhor para si e para sua família.

Os anos foram passando e ele escolheu o vôlei como ganha-pão. Depois de crescer e se destacar no esporte, ele começou a ser convocado para as seleções de base. Mas aí teve um choque de realidade. Nos torneios internacionais, ele conheceu jogadores dos outros países e passou a perceber a dura realidade em que vivia. 

Leal com sua medalha de campeão da Superliga pelo Sada Cruzeiro; ele se naturalizou brasileiro e defenderá a seleção a partir deste ano
Leal com sua medalha de campeão da Superliga pelo Sada Cruzeiro; ele se naturalizou brasileiro e defenderá a seleção a partir deste ano - Yoandy Leal no Facebook

Os anos se passaram e ele teve certeza de que não teria o futuro que esperava se continuasse em Cuba, jogando sem receber uma compensação financeira. E ele também não era autorizado a defender um clube estrangeiro.

Então, juntamente com outros companheiros, decidiu ir embora. Mas a decisão não era tão simples. Ao desertar, ele não poderia mais voltar atrás. Cabeça feita, escolheu o Brasil como destino. Os companheiros seguiram para outros países, como a Itália, nação mais aberta para receber estrangeiros.

No Brasil, Leal foi contratado pelo Sada Cruzeiro, então melhor equipe nacional, pela qual conquistou vários títulos nos anos seguintes. Foi quando tomou outra decisão: se naturalizar brasileiro para defender a seleção.

A notícia caiu como uma bomba entre os jogadores. Muitos, como o ponta Murilo, ex-capitão da equipe, declararam abertamente ser contra a naturalização.

Agora, quatro anos depois, Leal foi convocado pela primeira vez pelo técnico Renan Dal Zotto e se apresentará ao grupo na próxima segunda-feira para a disputa da Liga das Nações.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, ele revelou temer a recepção no grupo, de não ser bem tratado pelos novos companheiros. Se isso acontecer, será deplorável. Mas, sinceramente, acredito que a seleção o abraçará, como outros cubanos foram abraçados mundo afora. E o Brasil ganhará um poder que há muito não tem. Seja muito bem-vindo, Leal!

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